Em discurso contundente nesta terça-feira (17), durante a cúpula do G7, no Canadá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo direto aos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, exigindo que a comunidade internacional olhe para a grave crise humanitária no Haiti.
“No Haiti, a comunidade internacional permanece indiferente ao cotidiano de caos e atrocidades perpetradas pelo crime organizado. O vácuo de liderança agrava esse quadro. Estão sentados em torno desta mesa três membros permanentes do Conselho de Segurança e outras nações com tradição na defesa da paz: é o momento de devolver o protagonismo à ONU”, declarou Lula, com tom firme e direto.
Haiti mergulhado no caos humanitário
O alerta de Lula ocorre no momento em que o Haiti enfrenta uma das maiores crises de sua história recente. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 1,3 milhão de haitianos estão atualmente deslocados internos, fugindo da violência desenfreada de grupos armados e do crime organizado.
O número representa um aumento de 24% em relação a dezembro de 2024, sendo o maior já registrado na história do país. A situação é especialmente crítica na capital, Porto Príncipe, onde vive um quarto da população, mas o agravamento da crise se espalha para o norte do país, onde o número de deslocados cresceu 80% só nos últimos meses.
Fome e colapso total iminente
O drama haitiano não se resume aos deslocamentos. Segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), mais de 5,7 milhões de pessoas — mais da metade da população — estão em insegurança alimentar aguda.
O alerta do PAM é devastador: o plano de ajuda humanitária para 2025, estimado em mais de US$ 900 milhões, tem apenas 8% do financiamento garantido até agora. A própria agência admite que, em caso de uma catástrofe natural, simplesmente não há capacidade de resposta internacional no país.
Lula pressiona o Conselho de Segurança da ONU
O presidente brasileiro dirigiu seu apelo aos três membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que também integram o G7 — Estados Unidos, França e Reino Unido. Além deles, completam o conselho Rússia e China.
Lula deixou claro que o vácuo de liderança internacional só agrava a tragédia humanitária no Haiti, permitindo que grupos armados assumam o controle de bairros inteiros, provocando massacres, estupros, deslocamentos em massa e um colapso total das instituições públicas.
Silêncio e omissão da comunidade internacional
O presidente denunciou a postura omissa e indiferente das grandes potências, que olham para outros conflitos e interesses estratégicos, mas continuam ignorando a crise sem precedentes no Haiti.
“É hora de devolver o protagonismo à ONU e colocar a vida humana acima dos interesses geopolíticos”, afirmou Lula, ecoando o discurso que o Brasil vem defendendo em foros internacionais — uma diplomacia voltada para a paz, a cooperação e a proteção dos mais vulneráveis.
O Carioca Esclarece
Por que Lula fez esse apelo no G7?
Porque três dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU participam do G7 e têm poder real de decisão. O Haiti vive uma crise humanitária extrema, e a inação da comunidade internacional é evidente.
Entenda o apelo de Lula sobre o Haiti
1. Por que Lula criticou o Conselho de Segurança da ONU?
Porque o órgão tem responsabilidade direta sobre segurança internacional e tem sido omisso diante da catástrofe humanitária no Haiti.
2. Qual é a situação atual do Haiti?
O país vive um colapso completo: 1,3 milhão de deslocados internos, 5,7 milhões em fome aguda e uma escalada de violência de grupos armados que controlam parte do território.
3. O que Lula defende?
Que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU atuem imediatamente para restaurar a ordem, apoiar a população e devolver estabilidade ao Haiti.
