Efeito Trump: PIB dos EUA encolhe 0,5%

Economia sofre maior queda desde a pandemia com disparada nas importações e colapso do consumo

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...

Washington, 26 de junho de 2025 – A economia dos Estados Unidos encolheu 0,5% no primeiro trimestre do governo Donald Trump, segundo dados consolidados divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Departamento de Comércio. A retração, calculada em taxa anualizada, representa a maior queda desde a pandemia, contrariando previsões otimistas do mercado e acendendo alertas sobre os efeitos do tarifaço promovido pelo novo governo republicano.

A estimativa anterior apontava queda de 0,2%, mas a revisão final mostrou um impacto mais profundo, revertendo totalmente a tendência de crescimento registrada no final de 2024, quando o PIB subiu 2,4%. O número também frustrou expectativas de analistas, que previam alta de até 0,3% para o início do novo mandato.


Importações disparam e derrubam o PIB

O principal fator por trás da retração foi o salto nas importações, que cresceram 37,9% no trimestre — o maior avanço desde 2020. A corrida das empresas para antecipar compras e evitar os custos das tarifas anunciadas por Trump reduziu o PIB em 4,7 pontos percentuais.

A alta nas importações, contabilizada negativamente nas contas nacionais, refletiu pânico logístico e incerteza comercial, agravando os efeitos sobre o consumo e a produção interna.

Além disso, o consumo das famílias, principal motor da economia americana, desacelerou fortemente: cresceu apenas 0,5%, após ter registrado alta de 4% no trimestre anterior. A retração atingiu também os gastos do governo federal, que caíram 4,6% — a pior marca desde 2022.


Tarifaço de Trump gera instabilidade e freia crescimento

Apesar da reação negativa dos indicadores, Trump insiste em defender o pacote tarifário como “remédio de longo prazo” para a economia americana. Desde que assumiu, em 20 de janeiro, o presidente anunciou tarifas recíprocas abrangendo mais de 180 países, o que provocou críticas de aliados e acirrou disputas comerciais com a China, a União Europeia e países latino-americanos.

A medida, segundo Trump, visa compensar a perda de arrecadação provocada pelos cortes de impostos aprovados em sua campanha e forçar a reindustrialização dos Estados Unidos.

Em sua rede Truth Social, Trump alegou que o desempenho ruim “não tem nada a ver com tarifas” e atribuiu os números ao “legado de Biden”. “SEJAM PACIENTES!!!”, escreveu em letras maiúsculas, ao afirmar que o “boom econômico virá em breve”.


Queda era evitável, dizem especialistas

Economistas apontam que o recuo no PIB foi diretamente provocado pela antecipação de importações e incerteza tributária criada pelo novo governo. “Não é o consumo que retraiu sozinho. Houve um colapso da previsibilidade. O tarifaço assustou os agentes econômicos”, disse um analista da FactSet.

Com a suspensão temporária das tarifas por 90 dias, após forte repercussão negativa, a expectativa é que o segundo trimestre apresente recuperação. Projeções preliminares indicam possível crescimento de até 3%.

No entanto, a instabilidade política e econômica causada pelas políticas comerciais de Trump segue como fator de risco relevante para a economia global.


O Carioca Esclarece

A taxa anualizada do PIB é uma projeção que mostra quanto a economia cresceria (ou encolheria) em 12 meses caso o ritmo do trimestre se mantivesse. É o padrão de cálculo dos EUA e facilita comparações internacionais.


FAQ – Perguntas Frequentes

Por que o PIB dos EUA caiu no início do governo Trump?
Principalmente devido à disparada das importações, impulsionada pela tentativa das empresas de se protegerem do tarifaço.

As tarifas de Trump já estavam em vigor?
As tarifas foram anunciadas e começaram a ser precificadas pelo mercado, mas parte delas ainda não havia entrado em vigor. Mesmo assim, geraram corrida por antecipações.

A economia pode se recuperar no segundo trimestre?
Sim. Com a suspensão temporária das tarifas, economistas preveem uma retomada moderada, com alta de até 3%.


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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.