Paris, 11 de julho de 2025 — A deputada Sophia Chikirou apresentou um relatório à Assembleia Nacional da França propondo o fim da submissão europeia aos Estados Unidos e uma aliança estratégica com a China. O documento foi publicado pela Comissão de Assuntos Europeus.
Um grito francês por soberania
A França lançou uma pedra pesada na vitrine atlântica. Num gesto de ruptura simbólica e geopolítica, a deputada Sophia Chikirou apresentou um relatório à Assembleia Nacional defendendo o afastamento da União Europeia em relação aos Estados Unidos e o realinhamento estratégico com a China. O texto é incisivo: a Europa perdeu sua soberania ao adotar uma agenda ditada por Washington.
“O atlantismo ideológico nos afastou dos nossos interesses reais”, escreve Chikirou, ao criticar a linha adotada desde que a Comissão Europeia passou a tratar Pequim como “rival sistêmico” em 2019. Para ela, essa escolha mergulhou a Europa em uma lógica de enfrentamento que prejudica sua própria autonomia.
Europa refém do dogma liberal
O relatório escancara as fissuras: desindustrialização, dependência tecnológica, fragmentação política. A parlamentar denuncia um modelo econômico guiado por “dogmatismo liberal” e abertura de mercados sem proteção estratégica. Em resposta, propõe reverter esse curso com políticas de reindustrialização soberana, controle de importações, contrapartidas tecnológicas e apoio a setores-chave da economia europeia.
Trump como ameaça à Europa
No radar da análise também está a possível reeleição de Donald Trump. O relatório menciona a declaração recente do ex-presidente dos EUA — “A União Europeia é pior que a China” — como prova do desprezo americano pelas instituições europeias. Para Chikirou, a UE precisa parar de agir como extensão submissa da Casa Branca.
China como aliada para o futuro
Em vez de rival, a China é vista como parceira estratégica. Chikirou defende uma relação baseada no respeito mútuo, na cooperação multilateral e na liderança ambiental. Propõe acordos ecológicos, reforma da governança global, criação de moeda alternativa e uma agência de desenvolvimento vinculada à ONU.
Pequim, segundo ela, já lidera a transição energética, a produção de veículos elétricos, painéis solares e baterias. “A transição energética não será possível sem a China”, afirma.
O papel histórico da França
Chikirou resgata a herança gaullista da diplomacia francesa. Recorda que Paris foi o primeiro país ocidental a reconhecer a República Popular da China, em 1964. Para ela, chegou a hora da França assumir novamente sua vocação de potência de equilíbrio global, longe da tutela americana e dos falcões da Otan.
O relatório traz 50 propostas concretas — de parcerias tecnológicas a acordos educacionais — incluindo criação de joint ventures franco-chinesas, programas interparlamentares, proteção de dados e iniciativas ecológicas compartilhadas.
O Diário Carioca Esclarece
- Quem é Sophia Chikirou: Deputada francesa de esquerda, ligada à França Insubmissa, com atuação destacada em temas de soberania e multilateralismo.
- Por que isso importa: A proposta reacende o debate sobre o papel da Europa na nova ordem multipolar.
- Referência ao Brasil: O relatório evoca estratégias semelhantes à reorientação diplomática promovida por Lula no BRICS.
- Reação internacional: O texto já provoca reações entre diplomatas, acadêmicos e governos europeus.
FAQ (Perguntas Frequentes)
O que propõe o relatório francês?
A ruptura com a submissão aos EUA e a construção de uma aliança estratégica com a China.
Qual o papel da França nessa mudança?
Assumir protagonismo diplomático e recuperar sua tradição gaullista de autonomia global.
Por que o Brasil é citado como exemplo?
A França observa com interesse o modelo de soberania adotado pelo Brasil nas relações com China e Sul Global.