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FINLÂNDIA estreia no Rio com crítica à masculinidade

Rio de Janeiro, 16 de julho de 2025 — Em cartaz até o fim do mês no Teatro Domingos de Oliveira, “FINLÂNDIA” estreou no Rio com o mesmo incômodo que espalhou por palcos da Europa e América Latina: um quarto de hotel congelado pelas ruínas de um casamento.

Paula Cohen e Jiddu Pinheiro interpretam — e habitam — o abismo de um casal em separação que se vê obrigado a reavaliar tudo o que sabia sobre amor, gênero e criação de filhos.

Corpos em colapso, estruturas em ruína

A cena é única, íntima e claustrofóbica: um quarto de hotel em Helsinque, onde os personagens — que carregam os nomes reais dos atores — arrastam o fim da relação enquanto a filha dorme no outro cômodo.

A peça evita o conforto das soluções fáceis. Cada fala é uma fisgada no nervo exposto da masculinidade que desaba. Cada silêncio, uma denúncia da sobrecarga materna naturalizada. O que se encena é mais que uma crise amorosa — é o fim de uma era. E o começo de um combate ético entre cuidado e poder.

Feminismo, paternidade e contradição no centro

Pedro Granato, diretor do espetáculo, afirma sem rodeios: FINLÂNDIA não deseja conciliar, mas confrontar. “A peça carrega a nova onda feminista para dentro de uma relação que já não suporta mais terceirizar cuidado. O pai está presente, mas não basta estar: é preciso dividir, é preciso rever.” A tensão cresce à medida que os papéis se invertem, a masculinidade tropeça, e o patriarcado deixa de ser uma abstração para se revelar como técnica cotidiana de dominação — muitas vezes travestida de afeto.

Crítica encarnada e não ilustrativa

Paula Cohen recusa qualquer leitura simplista da obra. Para ela, a peça “expõe contradições reais, de dentro para fora, com as feridas abertas”. O que se vê em cena, diz a atriz, é o dilema de uma geração que tenta romper com os padrões herdados, mas ainda vive sob o peso da educação que os moldou. Jiddu Pinheiro completa: “Não estamos discutindo apenas o casal. Estamos expondo como o patriarcado fabrica subjetividades — em casa, no parlamento, na escola, na cama.”

Internacional, mas com nervo latino

FINLÂNDIA nasceu em Madri, em 2022, e já percorreu palcos de Paris, Montevidéu, Cidade do México e Santo Domingo. Mas sua estreia no Rio adquire outra temperatura. A Gávea recebe uma versão que dialoga frontalmente com o esgarçamento político do Brasil contemporâneo, onde debates sobre gênero e paternidade ainda são tratados como tabu. Neste contexto, a peça soa como denúncia — e como anúncio. Um aviso de que o palco pode, sim, ser trincheira.

Serviço
“FINLÂNDIA”
De 11 a 27 de julho
Teatro Municipal Domingos de Oliveira — Planetário da Gávea
Av. Padre Leonel Franca, 240 – Gávea, RJ
Ingressos: https://tickets.oneboxtds.com/riocultura/events
Classificação: 16 anos

Perguntas e Respostas

Sobre o que é a peça FINLÂNDIA?
Um casal em processo de separação debate amor, cuidado e estruturas patriarcais dentro de um quarto de hotel.

Quem são os atores?
Paula Cohen e Jiddu Pinheiro, casal também na vida real, interpretam versões ficcionalizadas de si mesmos.

Qual a crítica central do espetáculo?
O desmonte da masculinidade tradicional e o conflito entre a divisão de tarefas e os papéis de gênero.

FINLÂNDIA já foi encenada fora do Brasil?
Sim. A peça estreou em Madri e passou por Paris, Montevidéu, Cidade do México e Santo Domingo.

Onde e até quando assistir no Rio?
No Teatro Domingos de Oliveira (Gávea) até 27 de julho. Ingressos no site oficial da Rio Cultura.

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Redacao
Redacaohttps://www.diariocarioca.com
Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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