Abusando do Ridículo

Deputados Bolsonaristas protestam na câmara com bandeira de Trump

Bolsonaristas usam símbolo dos EUA após veto a sessões, constrangem colegas e repetem estratégia de Trump

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Reprodução X

Brasília, 22 de julho de 2025 – Parlamentares bolsonaristas levaram uma bandeira de Donald Trump à Câmara dos Deputados como forma de protesto após o veto de sessões durante o recesso. O gesto gerou críticas e embaraço até entre aliados.

Uma cena patética sob o teto do Legislativo

A oposição bolsonarista segue firmando seu lugar como apêndice da política norte-americana. Nesta terça-feira, deputados ligados a Jair Bolsonaro protagonizaram um protesto constrangedor na Câmara dos Deputados ao estenderem uma bandeira dos Estados Unidos com os dizeres “Trump 2024”. O ato, realizado durante uma entrevista coletiva, foi uma reação ao veto do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que suspendeu todas as sessões das comissões permanentes durante o recesso parlamentar.

Na prática, Motta impediu que bolsonaristas usassem o período para aprovar moções e manifestos de apoio a Bolsonaro, atualmente investigado por tentativa de golpe. Em resposta, os deputados Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA) buscaram na estética trumpista uma saída simbólica — ou melhor, uma importação política sem raiz nem propósito nacional.

O constrangimento que virou regra

Não houve unidade nem mesmo dentro do bloco oposicionista. Quando a bandeira foi exibida, um dos deputados presentes reagiu de forma imediata e irritada: “Tira essa bandeira daqui”. O incômodo explícito mostra que, mesmo entre aliados, há limites para o exibicionismo político.

Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública, tentou conter os danos dizendo que a retirada do símbolo foi apenas uma questão de foco. Mas não conseguiu disfarçar a linha de argumentação: transferiu a crítica ao governo Lula e defendeu Trump como “resposta da comunidade internacional”. Um raciocínio distorcido que revela mais sobre o alinhamento automático a líderes autoritários do que sobre qualquer avaliação diplomática real.

Trump, Bolsonaro e a cartilha do vitimismo golpista

A cena, embora ridícula, está longe de ser inofensiva. O uso de uma bandeira estrangeira no Congresso Nacional para defender um deputado investigado e um ex-presidente réu por conspiração é sintomático. Não é só um protesto — é a tentativa de manter viva a aliança ideológica entre os dois projetos autoritários que ameaçaram suas respectivas democracias.

Ambos, Trump e Bolsonaro, enfrentam processos por tentar fraudar eleições. Ambos se vendem como vítimas de perseguição política. Ambos mobilizam símbolos para alimentar o ressentimento e a desinformação. E agora, no plenário da Câmara brasileira, essa simbiose se materializa em ato performático, estéril e profundamente ofensivo à soberania nacional.

O episódio desta terça-feira não é exceção. É continuação de uma estratégia que faz da subserviência ideológica um programa político. Não há projeto nacional, apenas reflexo de uma política externa populista e ressentida.

Por que a oposição protestou na Câmara?
Porque Hugo Motta suspendeu as sessões das comissões, frustrando planos de aprovar moções de apoio a Bolsonaro.

O que os deputados bolsonaristas fizeram?
Estenderam uma bandeira dos EUA com o nome de Trump durante coletiva na Câmara.

Quem participou do protesto?
Sargento Fahur (PSD-PR), Delegado Caveira (PL-PA) e outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Houve reação no plenário?
Sim. Um deputado pediu a retirada imediata da bandeira, evidenciando o constrangimento.

O gesto tem implicações políticas?
Sim. Reforça a tentativa de vincular Bolsonaro a Trump, ambos alvos de processos por ataque às instituições.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.