Paris, 24 de julho de 2025 — O presidente Emmanuel Macron anunciou que a França reconhecerá oficialmente o Estado Palestino em setembro, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Macron rompe com tradição diplomática europeia
Ao declarar o reconhecimento formal do Estado Palestino, Emmanuel Macron inscreve a França entre os países que abandonam a hesitação e passam a atuar de forma explícita em favor de uma solução política concreta no Oriente Médio. A iniciativa será oficializada na Assembleia Geral da ONU, em setembro, e foi anunciada nesta quinta-feira (24) pelo próprio presidente francês.
“Fiel ao compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França vai reconhecer o Estado da Palestina”, publicou Macron em suas redes. O gesto político busca reposicionar Paris diante da estagnação diplomática imposta por anos de omissão internacional e bloqueios sistemáticos a qualquer perspectiva real de soberania palestina.
Atualmente, 146 países — entre eles o Brasil — já reconhecem a Palestina como Estado. Em 2024, a adesão de Espanha, Irlanda e Noruega reforçou esse movimento.
Reconhecimento não será simbólico, diz Macron
Em sua declaração, Macron foi categórico ao afirmar que o reconhecimento francês será acompanhado de exigências e compromissos bilaterais. “Devemos garantir que, ao aceitar sua desmilitarização e reconhecer plenamente Israel, [a Palestina] contribua para a segurança de todos no Oriente Médio. Não há alternativa”, disse.
O governo francês já deu início aos trâmites formais. O cônsul da França em Jerusalém entregou pessoalmente à Autoridade Palestina uma carta assinada por Macron. O ministro das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, confirmou que a decisão já está sendo comunicada aos principais aliados europeus e à ONU.
O vice-presidente da Autoridade Palestina, Hussein Al Sheikh, agradeceu publicamente e classificou a decisão como histórica. “A França reafirma a centralidade da justiça internacional e da autodeterminação dos povos”, declarou.
Israel reage com hostilidade e ameaça ruptura
A resposta de Tel Aviv foi imediata e agressiva. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, acusou Macron de “trair a luta contra o terrorismo” e declarou que a medida francesa é “uma vergonha” e “uma rendição”. Ele afirmou que seu governo rejeita categoricamente qualquer iniciativa que leve à formação de um Estado palestino, alegando que isso representaria “um risco existencial à segurança nacional israelense”.
A retórica beligerante do governo de Benjamin Netanyahu reforça o isolamento político crescente de Israel diante da comunidade internacional, que já condenou em diversas resoluções as ações militares desproporcionais na Faixa de Gaza e o avanço ilegal de assentamentos na Cisjordânia.
Apelo por cessar-fogo e fim da guerra em Gaza
Macron aproveitou o anúncio para renovar seus apelos por um cessar-fogo imediato em Gaza. Ele defendeu o envio irrestrito de ajuda humanitária à população civil, a libertação dos reféns e o desmantelamento da presença armada do Hamas no território.
“A necessidade urgente hoje é acabar com a guerra em Gaza e resgatar a população civil”, afirmou o presidente francês, ao reiterar a responsabilidade da comunidade internacional diante do colapso humanitário em curso.
A postura de Macron marca um ponto de inflexão no posicionamento francês — até então ambíguo — e desafia a conivência de parte da Europa com a política de ocupação e repressão imposta por Israel há décadas.
Perguntas e Respostas
Por que a decisão da França é considerada histórica?
Porque rompe com a hesitação diplomática europeia e posiciona a França como protagonista na defesa do reconhecimento internacional da Palestina.
Quantos países já reconhecem a Palestina como Estado?
Atualmente, 146 países reconhecem oficialmente o Estado Palestino, incluindo o Brasil.
A medida tem validade prática ou é apenas simbólica?
Macron afirma que o reconhecimento estará atrelado a compromissos concretos, como a viabilidade territorial e a segurança regional.
Como Israel reagiu à decisão francesa?
Com hostilidade. O ministro da Defesa chamou a medida de “vergonhosa” e acusou Macron de “se render ao terrorismo”.
A decisão francesa pode influenciar outros países?
Sim. A expectativa é que mais nações da União Europeia passem a seguir o mesmo caminho nos próximos meses.