BRUXELAS — 28 de julho de 2025 — O novo acordo comercial firmado entre União Europeia e Estados Unidos, conduzido por Ursula von der Leyen e Donald Trump, gerou forte reação negativa em setores políticos e industriais da Europa, que acusam Bruxelas de se curvar aos interesses norte-americanos.
Críticas de líderes políticos denunciam submissão europeia
A oposição ao tratado veio de todos os lados do espectro político europeu. O primeiro-ministro francês, François Bayrou, chamou o pacto de “submissão explícita” aos interesses dos Estados Unidos. “Um dia sombrio para os valores europeus”, escreveu nas redes sociais.
Até mesmo representantes da extrema-direita, como Alice Weidel, da Alternativa para a Alemanha (AfD), condenaram o acordo como um ataque direto aos interesses dos produtores e consumidores europeus.
Setor industrial denuncia aumento de custos e perda de competitividade
A Federação das Indústrias Alemãs afirmou que o tratado representa um “compromisso inadequado” que pode minar a indústria exportadora alemã. A entidade alertou para os impactos da tarifa de 15% imposta por Washington, especialmente em produtos manufaturados de alto valor agregado.
Em contrapartida, montadoras europeias reagiram com moderação. A diretora da Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (Acea), Sigrid de Vries, destacou que a redução da tarifa anterior, de 27,5%, para 15% é positiva, mas insuficiente para garantir competitividade plena no mercado estadunidense.
Mercado financeiro reage bem, mas ambientalistas disparam alertas
Investidores reagiram com otimismo contido, interpretando o acordo como um fator de estabilidade em meio às ameaças protecionistas de Trump. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, celebrou o fim das incertezas: “O acordo cria previsibilidade para cidadãos e empresas.”
No entanto, ambientalistas e parlamentares verdes denunciaram que o pacto aprofunda a dependência da União Europeia de combustíveis fósseis norte-americanos, com destaque para o gás natural liquefeito (GNL). Para o eurodeputado Michael Bloss, o acordo representa “um retrocesso climático consciente”.
A também verde Anna Cavazzini, presidente da comissão do mercado único no Parlamento Europeu, alertou que contratos de longo prazo com fornecedores de GNL dos EUA comprometem as metas ambientais do bloco.
Empresariado norte-americano comemora, mas cobra mais concessões
Nos Estados Unidos, a Câmara de Comércio Americana na União Europeia (AmChamEU) elogiou o acordo por reduzir incertezas. Ainda assim, apontou que a tarifa de 15% “continua alta” e sugeriu um modelo de isenção total, no estilo “zero por zero”, para setores estratégicos.
O pacto UE-EUA pode funcionar como freio à escalada protecionista de Donald Trump, mas também expõe fissuras na política interna europeia, dividida entre os que denunciam rendição e os que defendem realismo comercial em tempos de crise.
FAQ — Perguntas Frequentes
Qual é o principal ponto do acordo entre União Europeia e Trump?
O pacto reduziu tarifas sobre produtos industriais e prevê a compra de energia e armamentos dos Estados Unidos pela União Europeia, sendo criticado por favorecer desproporcionalmente os interesses de Washington.
Por que políticos europeus estão criticando o acordo?
Líderes políticos afirmam que o pacto representa uma submissão aos interesses de Donald Trump, prejudicando a autonomia estratégica e econômica do bloco europeu.
O que a indústria europeia acha do acordo?
A reação foi dividida: entidades industriais alemãs apontam prejuízos à competitividade, enquanto montadoras veem vantagens na redução tarifária parcial para o setor automotivo.
Como o meio ambiente é impactado por esse tratado?
Ambientalistas alertam que a importação de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA compromete os compromissos climáticos da União Europeia, aprofundando a dependência de combustíveis fósseis.
Como os mercados reagiram ao anúncio?
O mercado financeiro reagiu positivamente, interpretando o acordo como um fator de previsibilidade no comércio transatlântico.