Belém – 3 de agosto de 2025 – A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) protagonizou neste domingo um discurso marcado por xingamentos e acusações sem comprovação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante ato bolsonarista em Belém, capital do Pará. A escolha do local, em vez de São Paulo, gerou desconforto entre apoiadores próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Discurso agressivo e acusações infundadas
Durante manifestação na capital paraense, Michelle Bolsonaro chamou Lula de “cachaceiro sem-vergonha” e o acusou de “não ser macho para assumir as suas falas”. Em tom exaltado, afirmou que o presidente “manda nossas riquezas para fora” e tem “aliança com comunistas e ditadores”. Nenhuma das afirmações foi acompanhada de provas ou fontes.
A ex-primeira-dama também direcionou ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), insinuando uma suposta aliança entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, nomeado para a Corte em 2017, ainda durante o governo Michel Temer (MDB).
Escolha de Belém gera atrito nos bastidores
A presença de Michelle Bolsonaro em Belém e não na tradicional Avenida Paulista, em São Paulo, foi criticada por aliados do próprio campo bolsonarista. A expectativa era de que a ex-primeira-dama participasse do principal ato do dia, considerado o mais estratégico politicamente.
Nos bastidores, a decisão foi interpretada como “birra” ou “teimosia” por alguns aliados próximos a Jair Bolsonaro, enquanto outros minimizaram o impacto, alegando que sua presença em qualquer capital já seria suficiente para engajar a base conservadora.
A assessoria de Michelle divulgou nota afirmando que a agenda no Pará estava prevista anteriormente, devido à participação em evento do PL Mulher em Marabá, e que o ato em Belém foi incluído por conveniência logística.
Estratégia de ataque não inclui autocrítica
Apesar do tom ofensivo e da tentativa de polarizar o discurso, Michelle Bolsonaro não mencionou as investigações ou condenações que envolvem integrantes de sua própria família política. Entre os casos recentes, está a prisão do ex-assessor especial da Presidência Frederik Wassef, além da repercussão em torno de apoiadores próximos ao clã Bolsonaro presos por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro.
A omissão de temas internos contrasta com a retórica inflamada da ex-primeira-dama, que buscou responsabilizar o atual governo por problemas estruturais do país, enquanto evitou qualquer menção às gestões anteriores de seu marido ou aos escândalos recentes ligados ao PL.
Entenda os ataques de Michelle Bolsonaro contra Lula
O que Michelle Bolsonaro disse sobre Lula?
Durante ato em Belém, Michelle Bolsonaro chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “cachaceiro sem-vergonha” e o acusou de traição ao país. Nenhuma das acusações foi acompanhada de documentos ou fatos verificáveis.
Quais críticas foram feitas ao STF?
Michelle insinuou que o Partido dos Trabalhadores (PT) estaria alinhado ao ministro Alexandre de Moraes, nomeado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), sem apresentar evidências dessa suposta aliança.
Por que a escolha por Belém gerou críticas?
A ausência de Michelle na Avenida Paulista, considerada palco central das manifestações conservadoras, foi vista como decisão equivocada por setores do PL e de apoiadores mais próximos a Jair Bolsonaro.
Michelle mencionou escândalos ligados à família Bolsonaro?
Não. A ex-primeira-dama evitou qualquer referência a denúncias envolvendo aliados ou familiares, incluindo casos recentes de prisão de apoiadores por crimes ligados aos atos de 8 de janeiro.
Qual foi a justificativa para a agenda no Pará?
Segundo nota oficial, Michelle já participaria de evento do PL Mulher em Marabá e aproveitou a agenda para marcar presença no ato de Belém.
Tensão no PL reflete disputa por protagonismo
A postura agressiva adotada por Michelle Bolsonaro reacende disputas internas no PL e escancara a dificuldade do grupo em manter uma frente coesa. A ex-primeira-dama emerge como voz ativa na mobilização da base conservadora, mas sua escolha por discursos ofensivos, sem comprovação factual e sem autocrítica, pode ampliar as divisões dentro do campo da direita brasileira.
A ausência de propostas concretas e a recusa em enfrentar temas delicados — como os escândalos envolvendo aliados do ex-presidente — indicam que parte do grupo político segue apostando em confronto direto como estratégia, mesmo diante de uma base eleitoral que começa a buscar novos nomes e discursos para 2026.