Cidade de Gaza — 4 de agosto de 2025 — As autoridades do enclave palestino afirmaram nesta segunda-feira que Israel liberou apenas 14% da ajuda humanitária necessária à Faixa de Gaza nos últimos dias.
Segundo os dados divulgados, entre os dias 27 de julho e 3 de agosto, apenas 674 caminhões com alimentos, medicamentos e suprimentos entraram no território, quando seriam necessários cerca de 4.800 no mesmo período.
A informação foi divulgada oficialmente pelo governo local e confirmada por agências internacionais como a Sputnik. A denúncia ocorre em meio a relatos de saques, supostamente com conivência de soldados israelenses, e após aumento expressivo da fome na região.
Ajuda segue abaixo do mínimo necessário
O comunicado divulgado pelo governo de Gaza afirma que seriam necessários, no mínimo, 600 caminhões de ajuda por dia para atender às necessidades básicas da população. No entanto, o fluxo de entrada continua restrito, agravando o colapso humanitário que atinge civis em todas as faixas etárias.
“Após o anúncio das forças de ocupação israelenses sobre a retomada da entrega de ajuda humanitária, 674 caminhões entraram em Gaza ao longo de oito dias, em vez dos 4.800 que seriam necessários para atender ao mínimo necessário da população”, diz a nota oficial.
O documento também denuncia que, mesmo entre os caminhões que chegam, parte significativa da ajuda é saqueada ainda durante o processo de distribuição. Segundo as autoridades palestinas, há conivência direta de tropas israelenses, o que dificulta ainda mais o acesso aos itens essenciais por parte da população civil.
OMS alerta para desnutrição grave
A crise foi também abordada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, mais de 10% da população de Gaza enfrenta formas agudas de desnutrição — um número que ultrapassa 20% entre gestantes e lactantes.
A OMS atribui o agravamento da crise à suspensão da entrada de ajuda humanitária e às severas restrições impostas por Israel desde o início da nova ofensiva militar no território palestino.
Militarização do caos e riscos à população
Desde 26 de julho, Israel autorizou parcialmente o envio de ajuda internacional, sob a coordenação da Fundação Humanitária de Gaza, uma entidade apoiada pelos Estados Unidos que atua no sul do enclave. Porém, organizações não governamentais denunciam que, mesmo com a autorização oficial, soldados israelenses atiram contra civis que aguardam nas filas para receber alimentos e suprimentos.
Segundo autoridades locais, a militarização da distribuição tem provocado o colapso do sistema humanitário e serve para “semear o caos” como estratégia deliberada de desestabilização. Relatos sugerem que o controle da entrada de ajuda está sendo usado como instrumento de pressão política sobre a população e seus líderes.
O que dizem os envolvidos
Qual é o posicionamento oficial do governo de Gaza?
O governo local afirma que Israel está promovendo uma política deliberada de escassez e violência, desrespeitando acordos internacionais sobre ajuda humanitária.
Como a ONU tem reagido à situação?
A Organização Mundial da Saúde alerta para o aumento das mortes por desnutrição e exige a entrada imediata e segura de ajuda em volumes adequados.
O que diz o governo de Israel?
Até o momento, Israel não comentou oficialmente as acusações de conivência com saques ou repressão armada durante a distribuição de alimentos.
Há presença internacional no processo de ajuda?
Sim. A Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos Estados Unidos, é responsável pela distribuição no sul do enclave. No entanto, sua atuação é limitada pelas ações militares no território.
Quais são os riscos se a ajuda não for ampliada?
Organizações internacionais alertam para risco de fome em massa, surtos de doenças infecciosas e agravamento da instabilidade política em toda a região.
Impactos e projeções
A liberação parcial da ajuda por Israel, somada aos relatos de repressão e desorganização, acende novos alertas sobre o colapso humanitário em Gaza. A continuidade do bloqueio e da violência compromete não apenas a segurança alimentar, mas também a estabilidade política e a confiança internacional no processo de mediação do conflito.
Especialistas ouvidos por organizações de direitos humanos afirmam que, sem ação internacional coordenada, o cenário pode evoluir para um desastre humanitário de grandes proporções, com consequências duradouras para a região.