Brasília, 6 de agosto de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que buscará uma resposta coordenada dos países do Brics às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. A declaração foi dada em entrevista à agência Reuters, após a entrada em vigor das novas taxas americanas sobre produtos brasileiros e indianos.
Lula anunciou que pretende conversar nos próximos dias com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com o presidente da China, Xi Jinping, para discutir o impacto das medidas e articular uma reação diplomática conjunta. Segundo o presidente brasileiro, as decisões unilaterais de Washington “não abrem espaço para negociação”.
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Trump eleva tensões com tarifas contra Brasil e Índia
Nesta quarta-feira (6), entrou em vigor a tarifa de 50% sobre parte das exportações brasileiras aos Estados Unidos, medida anunciada por Trump como retaliação à suposta tolerância do Brasil com importações indiretas de petróleo russo. No mesmo dia, o presidente americano decretou um aumento adicional de 25% sobre produtos indianos, sob alegação semelhante.
Lula declarou que não fará o mesmo movimento em resposta, mas que espera uma ação coordenada do Brics, bloco que hoje reúne dez países no G20. “Quero saber como cada país está sendo afetado e qual a reação que teremos em conjunto”, afirmou.
O Ministério da Fazenda deve enviar ainda hoje ao Palácio do Planalto a minuta de uma medida provisória com medidas para apoiar empresas brasileiras afetadas pelas tarifas e garantir empregos no setor exportador.
Lula critica postura americana e descarta ligação a Trump
O presidente brasileiro deixou claro que não pretende entrar em contato com Donald Trump neste momento. “Não vou ligar para quem não quer diálogo”, disse Lula, ao comentar que os comunicados enviados por Trump não indicam disposição para qualquer tipo de negociação.
Lula reforçou que está buscando caminhos diplomáticos, mas que o Brasil não aceitará interferência externa em suas decisões. “Não é admissível que o presidente dos Estados Unidos ache que pode ditar regras a um país soberano. Quem manda no Brasil é o povo brasileiro”, afirmou.
Segundo Lula, o tom autoritário de Trump, inclusive com críticas à legislação nacional sobre big techs, é incompatível com as normas do comércio internacional. “Este país tem Constituição. Quem quiser operar aqui precisa respeitar nossas leis. Se não quiser regulação, que saia do Brasil”, completou.