As influenciadoras digitais Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, foram condenadas na última terça-feira (19) a 12 anos de prisão em regime fechado cada uma, além de multa de R$ 20 mil, por injúria racial qualificada. O julgamento ocorreu na 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O caso teve início em maio de 2023, quando vídeos das influenciadoras viralizaram mostrando crianças negras recebendo bananas e um macaco de pelúcia como “brincadeira” para gerar engajamento nas redes sociais. Especialistas classificam a ação como racismo recreativo, que reforça estereótipos discriminatórios históricos.
A juíza Simone de Faria Ferraz descreveu a conduta como uma “monstruosidade”, destacando o impacto psicológico nas vítimas, incluindo uma menina chamada de “macaco” na escola. Apesar da condenação, mãe e filha podem recorrer em liberdade, mas estão sujeitas a medidas cautelares, como proibição de contato com as vítimas e monitoramento eletrônico.
O Ministério Público do Rio de Janeiro apresentou provas sólidas, incluindo os próprios vídeos e depoimentos de seis testemunhas. A pena foi agravada pelo ato coletivo e pelo caráter recreativo da conduta. No âmbito legal, a injúria racial é equiparada ao racismo e considerada inafiançável e imprescritível, com pena base de 2 a 5 anos, podendo aumentar em casos qualificados, como o uso de mídias digitais.
A advogada criminalista Lorena Pontes ressaltou a importância de avaliar o dolo das acusadas. “A Justiça deve atuar com rigor, mas a sociedade precisa mudar a cultura para erradicar práticas racistas disfarçadas de humor”, afirmou.
O julgamento ocorre em meio ao aumento de denúncias de crimes raciais no país. Em 2024, o Disque 100 registrou 3,4 mil denúncias de racismo e injúria racial, envolvendo mais de 5,2 mil violações. Pesquisas indicam que 70% da população negra já sofreu preconceito ou discriminação, número que chega a 84% entre pretos que relataram hostilidade.
Especialistas destacam que o caso evidencia o racismo estrutural nas redes sociais, reforçando a necessidade de responsabilizar autores judicialmente e de promover mudanças culturais na sociedade.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		