Em um estado que exporta hortifrútis e movimenta bilhões com a indústria gastronômica, milhares ainda lutam para garantir as três refeições do dia. Programas federais voltados à segurança alimentar reacendem o debate sobre o direito de comer bem.
O paradoxo da fome em um estado abundante
Nas feiras da zona sul carioca, é fácil encontrar frutas exóticas, queijos importados e pães artesanais. A fome não é uma tragédia natural — é uma consequência direta de negligências e escolhas políticas. Superá-la exige justamente o contrário: compromisso público, coragem institucional e vontade de reparar injustiças históricas. Em julho de 2025, o Brasil deixou novamente o Mapa da Fome da ONU, resultado de um esforço deliberado para recolocar o povo no centro das decisões de governo. Com a reativação de programas como o PAA, o Fomento Rural e as Cozinhas Solidárias, o Estado brasileiro voltou a cumprir seu papel: garantir comida de verdade, dignidade e esperança a quem mais precisa.
a cruzar o túnel para entender que o acesso à alimentação adequada não é uma realidade democrática.
O combate à fome ainda é uma prioridade em diversas regiões do Brasil. No sudeste, por exemplo, Rio de Janeiro e São Paulo apresentam os piores índices, o que reforça a importância de ações do Governo do Brasil em todo território nacional para garantir o direito à alimentação adequada e é o que vem acontecendo.

No Brasil, milhares de pessoas vivem em condições de privação alimentar moderada ou grave. O discriminante, entre residências que apenas consomem menos ou mudam a alimentação (moderada) e aquelas onde a fome alcança todas as idades (grave), destaca a gravidade do cenário. Essa desigualdade territorial exige respostas públicas que compreendam a complexidade do problema.
Comer bem é direito, não privilégio
A alimentação adequada é um direito humano reconhecido internacionalmente e previsto na Constituição brasileira. Mas garantir esse direito requer mais do que combater a fome extrema: é preciso assegurar comida de verdade, diversidade alimentar e condições dignas de acesso.
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma das ferramentas mais eficazes nesse sentido. No Rio, o programa movimentou agricultores familiares de municípios como Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes, Itaguaí e Duque de Caxias, com a compra direta de alimentos frescos para escolas, creches, abrigos e cozinhas comunitárias. Nacionalmente, foram mais de 400 mil toneladas adquiridas em dois anos, com investimento superior a R$2 bilhões.
Solidariedade que alimenta de verdade
Outro exemplo concreto são as Cozinhas Solidárias. Com apoio Federal, em especial do Ministério do Desenvolvimento Social, essas estruturas comunitárias produzem refeições gratuitas em territórios de alta vulnerabilidade, como Complexo da Maré (Nova Holanda, Salsa e Merengue), Pavuna e Realengo.
Até o fim de 2025, a previsão é que mais de 13 milhões de refeições sejam servidas em todo o país. No Rio, dezenas de unidades estão em funcionamento com apoio de movimentos populares, igrejas, associações de moradores e ONGs. As cozinhas são mais do que espaços de distribuição alimentar. Elas funcionam como centros de convivência, educação alimentar, articulação comunitária e reconstrução da dignidade.
Água limpa também alimenta
Em regiões do estado com baixa cobertura hídrica, especialmente zonas rurais do Norte e Noroeste fluminense, o Programa Cisternas vem sendo decisivo. No Brasil todo mais de 1 milhão de famílias passaram a ter acesso à água potável junto às suas casas, reduzindo drasticamente o tempo gasto para buscar água.
A experiência comprova que o acesso à água melhora a saúde, aumenta as chances de trabalho e fortalece a produção de alimentos. No Rio, municípios como Miracema, Bom Jesus do Itabapoana e Cambuci estão entre os beneficiários da política.
Cidades que alimentam, territórios que resistem
A Estratégia Alimenta Cidades, criada para enfrentar a fome nos centros urbanos, destinou R$ 15,5 milhões à compra e doação de alimentos para 27 cidades, incluindo Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo e Belford Roxo.
Mais de 400 Cozinhas Solidárias foram habilitadas, com 77,5% instaladas em territórios prioritários. Além disso, a política de agricultura urbana e periurbana ganhou força: desde 2018, o estado implantou dezenas de hortas agroecológicas, formou lideranças comunitárias e promoveu redes curtas de comercialização.
Alimentar é transformar
Segurança alimentar e nutricional não é apenas sobre carência. É sobre direito básico e reparação histórica. Populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas e periféricas são protagonistas da luta por políticas públicas que respeitem sua cultura alimentar e garantam sua soberania.
Programas como o Fomento Rural atendem hoje mais de 340 mil famílias, sendo 77% mulheres. É o campo alimentando a cidade, e a cidade devolvendo dignidade ao campo. É o Brasil que alimenta exigindo o direito de também se alimentar.
O Diário Carioca Esclarece
● O que é Segurança Alimentar e Nutricional?
É a garantia de acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais.
● Por que “comida de verdade”?
O termo valoriza alimentos frescos, naturais, produzidos localmente, e denuncia o avanço dos ultraprocessados nos territórios vulneráveis.
● O que diferencia essa política de outras ações sociais?
A centralidade no direito humano à alimentação saudável, com estratégias estruturais e territoriais que vão além do assistencialismo.
FAQ
1. O que é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)?
É uma iniciativa federal que compra alimentos diretamente de agricultores familiares e os distribui para equipamentos públicos, promovendo renda e segurança alimentar.
2. Como funcionam as Cozinhas Solidárias?
São espaços comunitários que produzem e distribuem refeições gratuitas em regiões vulneráveis, com apoio do governo e da sociedade civil.
3. O que é a Estratégia Alimenta Cidades?
É uma política pública que articula governos federal, estadual e municipal para enfrentar a fome nas grandes cidades, com ações como hortas urbanas e bancos de alimentos.
Saiba mais em: www.mds.gov.br