Brasília – 23 de agosto de 2025 – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aprovou nesta sexta-feira a convocação de Felipe Macedo Gomes, empresário e doador da campanha de Onyx Lorenzoni, ex-ministro de Jair Bolsonaro, ao governo do Rio Grande do Sul em 2022. Gomes é investigado por participação em um esquema de fraudes previdenciárias que desviou milhões de aposentados.
Alvo da convocação
A decisão uniu parlamentares de campos opostos. Mesmo a senadora Damares Alves (Republicanos), aliada de Bolsonaro, apresentou requerimento pela oitiva de Gomes. Do lado governista, o senador Randolfe Rodrigues (PT) sustentou que há indícios de que a associação dirigida por Gomes atuou como fachada para movimentações financeiras irregulares, captando recursos ilícitos via convênios com o INSS.
O elo com Onyx Lorenzoni
Felipe Gomes doou R$ 60 mil à campanha de Onyx Lorenzoni (Progressistas) em 2022, quando o ex-ministro da Previdência tentou o governo gaúcho. Apesar da ligação financeira, Onyx afirma não conhecer o empresário. O episódio reforça a sombra de suspeitas que ainda recai sobre ex-integrantes do governo Bolsonaro.
Fraudes bilionárias
De acordo com documentos da Polícia Federal, a empresa EMJC Serviços, criada por Gomes em dezembro de 2022 com capital social de apenas R$ 20 mil, recebeu R$ 17,9 milhões da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB). A entidade, fundada em 2020 e rapidamente credenciada pelo INSS, arrecadou R$ 143,2 milhões até junho de 2024, sobretudo via descontos automáticos em aposentadorias.
Estrutura sob suspeita
Relatórios da PF apontam que a ABCB compartilha endereços com empresas suspeitas de ligação com figuras já conhecidas do escândalo, entre elas Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador do INSS afastado, e André Fidelis, ex-diretor da autarquia. O empresário ainda ostenta patrimônio incompatível com sua renda declarada, incluindo dois jet skis e um Porsche.
Contexto político
A convocação de Gomes ocorre em um momento em que o Congresso busca ampliar o cerco a irregularidades no sistema previdenciário. A articulação expõe fissuras no campo bolsonarista e destaca a necessidade de responsabilização de ex-integrantes do governo que favoreceram o avanço de convênios fraudulentos.