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Zuzu Angel: certidão de óbito retificada reconhece crime da ditadura

Belo Horizonte, 29 de agosto de 2025 – O governo federal retificou oficialmente a certidão de óbito da estilista Zuzu Angel, morta em 1976.

O novo documento reconhece que a morte foi violenta e causada pelo Estado brasileiro, no contexto da repressão política da ditadura militar (1964–1985).


Cerimônia em Minas Gerais

A entrega da certidão aconteceu nesta quinta-feira (28), em cerimônia na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Além de Zuzu, outras 20 famílias receberam documentos atualizados de parentes mortos ou desaparecidos durante o regime militar.

Cartazes com os rostos de mineiros desaparecidos políticos foram afixados nas paredes do auditório
Cartazes com os rostos de mineiros desaparecidos políticos foram afixados nas paredes do auditório – Foto: Willian Dias

A medida cumpre a Resolução nº 601/2024 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determina que as mortes de opositores políticos sejam registradas como não naturais e atribuídas ao Estado.


O caso Zuzu Angel

Zuzu Angel morreu aos 54 anos, em um suposto acidente de carro na saída do antigo Túnel Dois Irmãos, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Desde os anos 1980, familiares e ativistas sustentam que o acidente foi forjado por agentes da ditadura.

Em 1988, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos já havia reconhecido a responsabilidade do regime pela morte da estilista.

Um bilhete escrito por Zuzu em 1975 reforça essa versão:

“Se algo vier a acontecer comigo, se eu aparecer morta por acidente, assalto ou qualquer outro meio, terá sido obra dos mesmos assassinos do meu amado filho.”

Seu filho, o militante Stuart Angel, havia sido assassinado sob tortura em 1971.


Reconhecimento histórico

A secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Janine Mello, destacou que a retificação é parte do processo de reparação:

“Trata-se do reconhecimento da verdade histórica sobre a causa da morte dessas pessoas.”

Já a ministra Macaé Evaristo, que participou remotamente da cerimônia, afirmou:

“É importante nomear o óbvio e o vivido para que não se repita. O Brasil ainda convive com as sequelas da ditadura.”


Quem foi Zuzu Angel

A estilista ganhou notoriedade internacional ao vestir nomes como Liza Minnelli e Joan Crawford, mas se tornou símbolo da resistência contra a ditadura após denunciar o assassinato de seu filho. Sua trajetória transformou moda em militância e marcou a memória cultural e política do país.


Outras vítimas reconhecidas

Além de Zuzu Angel, tiveram suas certidões de óbito retificadas:

  • Adriano Fonseca Filho
  • Antônio Carlos Bicalho Lana
  • Antônio Joaquim de Souza Machado
  • Arnaldo Cardoso Rocha
  • Carlos Alberto Soares de Freitas
  • Ciro Flávio Salazar de Oliveira
  • Gildo Macedo Lacerda
  • Eduardo Antônio da Fonseca
  • Pedro Alexandrino Oliveira Filho
  • Raimundo Gonçalves de Figueiredo
  • Walkíria Afonso Costa
  • Hélcio Pereira Fortes
  • Idalísio Soares Aranha Filho
  • Ivan Mota Dias
  • João Batista Franco Drumond
  • José Carlos Novaes da Mata Machado
  • José Júlio de Araújo
  • Oswaldo Orlando da Costa
  • Paulo Costa Ribeiro Bastos
  • Paulo Roberto Pereira Marques

O governo federal prevê entregar 400 certidões retificadas até o fim de 2025.

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Redacaohttps://www.diariocarioca.com
Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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