Tensão

EUA reforçam pressão contra Venezuela com USS Lake Erie

Navio de mísseis norte-americano atravessa o Canal do Panamá e amplia presença militar dos EUA nas Caraíbas sob pretexto de combate ao narcotráfico

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: Wikimedia Commons

O cruzador de mísseis USS Lake Erie, da classe Ticonderoga, atravessou o Canal do Panamá na noite desta sexta-feira (29), vindo do Pacífico em direção às Caraíbas. A embarcação se soma à operação naval lançada pelos Estados Unidos contra o chamado Cartel dos Sóis, organização que Washington associa diretamente ao governo de Nicolás Maduro.

Senador republicano em cena

A travessia ocorreu em meio à visita do senador Ted Cruz (Partido Republicano) ao Panamá. O político texano visitou a tripulação do navio e aproveitou para atacar a “influência da China na região”. Em suas redes, Cruz afirmou ter tido “o privilégio de se encontrar com os marinheiros do USS Lake Erie” e exaltou a “missão vital” da operação.

Poder de fogo do USS Lake Erie

O navio norte-americano tem capacidade de lançar mísseis Tomahawk, operar com Harpoon e disparar sistemas de defesa próximos (CIWS). Com dois helicópteros SH-60 Sea Hawk a bordo, a embarcação atua em guerra anti-submarina, aérea e de superfície.

Com o reforço, os EUA contam agora com oito navios de guerra na região, além de um contingente estimado em 4 mil militares, aviões espiões P-8 e pelo menos um submarino de ataque. Embora oficiais do Pentágono afirmem que a missão é de combate ao narcotráfico, a escala do aparato indica um movimento geopolítico mais amplo.

Cartel dos Sóis como justificativa

No fim de julho, o Departamento do Tesouro dos EUA classificou o Cartel dos Sóis como organização terrorista internacional. Essa decisão abriu brechas legais para o uso de meios militares, sob a justificativa de que o grupo estaria envolvido no tráfico de drogas, ouro e até urânio, além de vínculos com o Tren de Aragua e o cartel de Sinaloa.

Caracas reage à escalada

O governo de Maduro respondeu anunciando o envio de 15 mil militares à fronteira com a Colômbia, além de patrulhas com drones e navios em águas territoriais. A retórica oficial mobilizou ainda os 4,5 milhões de milicianos venezuelanos, apresentados como linha de defesa contra uma eventual agressão norte-americana.

A presença reforçada da marinha dos EUA transformou o tema em pauta central no cotidiano venezuelano, alimentando o temor de uma invasão. Nos bastidores, analistas apontam que a administração Trump testa os limites de sua estratégia de pressão máxima, instrumentalizando a “guerra às drogas” para legitimar sua ofensiva militar na região.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.