A Polícia Civil prendeu neste domingo o agente penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, acusado de atirar no entregador Valério Júnior durante uma discussão em Jacarepaguá, na Zona Oeste.
O mandado de prisão temporária foi expedido pelo Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O policial, que deveria estar de plantão na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), chegou a ser ouvido no sábado (30), mas havia sido liberado. Em depoimento, alegou que o disparo foi acidental, atingindo o chão, e que se sentiu intimidado por Valério Júnior, acrescentando que pretendia socorrê-lo. No domingo, Ferrarini foi detido e afastado das funções por 90 dias. A Seap classificou a conduta do agente como “abominante” e instaurou processo administrativo disciplinar.
O episódio ocorreu na noite de sexta-feira (29), na Rua Carlos Palut, conjunto habitacional Merck. Ferrarini exigiu que o entregador subisse até seu apartamento para entregar o pedido, o que foi recusado. Valério Júnior sugeriu que a retirada fosse feita na portaria. O policial desceu alterado, discutiu com a vítima e disparou contra seu pé direito. O momento foi registrado em vídeo. Ferido, Valério pediu ajuda a vizinhos e foi levado ao hospital, saindo com a bala alojada e aguardando avaliação médica sobre possíveis sequelas que podem impedir seu retorno ao trabalho.
A situação provocou revolta entre entregadores, que organizaram protesto no sábado (30) em frente ao condomínio. Colegas da vítima criticaram a liberação inicial de Ferrarini. “Uma injustiça, a gente só queria o direito de ir e vir e entregar o lanche em segurança”, disse o entregador Breno Pereira.
O iFood repudiou a violência e reforçou que entregadores não são obrigados a subir até apartamentos. A empresa destacou a campanha “Bora Descer”, lançada em 2024 no Rio, e informou que Valério Júnior terá apoio jurídico e psicológico por meio da Central de Apoio, em parceria com a organização Black Sisters in Law.