O governo da Bélgica, por meio do ministro das Relações Exteriores Maxime Prévot, confirmou que o país vai reconhecer oficialmente o Estado da Palestina na Assembleia-Geral da ONU deste mês em Nova York. Ao mesmo tempo, anunciou um pacote de 12 sanções contra Israel, classificadas como “firmes” e de impacto direto sobre a política econômica e diplomática do governo de Benjamin Netanyahu.
Sanções inéditas contra Israel
Entre as medidas, estão a proibição de importações de produtos israelenses, revisão da política de compras públicas com empresas ligadas a Israel, restrições a sobrevoos e trânsito de embarcações, além da declaração de “persona non grata” para colonos judeus supremacistas e dois ministros israelenses de perfil extremista, identificados como Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben Gvir (Segurança Nacional).
Segundo Prévot, o objetivo é “não punir o povo israelense, mas sim obrigar seu governo a respeitar o direito internacional e humanitário”. Ele afirmou que a medida é uma resposta à “tragédia humanitária em Gaza” e à “violência perpetrada por Israel em violação às normas internacionais”.
Condição para formalização completa
O ministro ressaltou que a formalização administrativa do reconhecimento ocorrerá apenas quando “o último refém for libertado e o Hamas não assumir mais a gestão da Palestina”. A decisão encerra semanas de disputa dentro da coalizão governista belga, composta por cinco partidos com visões divergentes sobre a política no Oriente Médio.
Prévot classificou a resolução como “gesto político e diplomático firme”, necessário para condenar “as intenções expansionistas de Israel, suas políticas de colonização e ocupações militares”.
Bélgica se soma à pressão internacional
Com a decisão, a Bélgica junta-se a países como França, Reino Unido e Austrália, que também avançaram no reconhecimento do Estado palestino nos últimos meses. A medida representa uma tentativa de forçar uma solução de dois Estados e reduzir o impasse provocado pelas ações militares israelenses.
Ao mesmo tempo, Prévot reconheceu “o trauma infligido ao povo israelense pelos ataques de 7 de outubro de 2023, perpetrados pelo Hamas”, mas reforçou que a via diplomática é o único caminho para encerrar décadas de violência.
Impacto geopolítico e regional
O anúncio belga aumenta o isolamento internacional de Netanyahu, que enfrenta críticas crescentes por violações de direitos humanos e pela continuidade da ofensiva militar em Gaza. A adoção de sanções econômicas e diplomáticas por países europeus sinaliza um enfraquecimento do apoio automático que Israel recebia em foros multilaterais.
A decisão pode abrir precedente para que outros membros da União Europeia avancem em medidas semelhantes, elevando o custo político da ocupação e fortalecendo a pauta palestina nas instâncias internacionais.