O governo britânico enfrenta duras críticas internacionais após a Polícia Metropolitana de Londres confirmar, neste domingo (7), a prisão de 890 pessoas durante manifestação pró-Palestina realizada no dia anterior em frente ao Parlamento britânico.
A ação foi respaldada pela controversa decisão do governo de acionar a Lei Antiterrorismo, alegando que o ato teria sido “infiltrado” pelo grupo Palestine Action, classificado como “organização terrorista” em julho.
Repressão sob pretexto de segurança
Segundo comunicado da polícia, 857 pessoas foram identificadas como supostos membros do Palestine Action a partir de suas redes sociais, enquanto outras 33 teriam sido detidas por “agressões a policiais”.
A medida, no entanto, levantou questionamentos, já que o evento havia sido convocado oficialmente por outro coletivo, o Defend Our Juries, que defende a liberdade de expressão e denuncia a tentativa do governo britânico de criminalizar movimentos de solidariedade ao povo palestino.
Caso emblemático: idoso cego entre os presos
Entre os detidos está Mike Higgins, um senhor com deficiência visual, acusado de envolvimento com o Palestine Action. Em vídeo divulgado pelo Defend Our Juries, Higgins declarou que não poderia “ficar em silêncio diante do genocídio em Gaza” e que os protestos são um ato de desobediência civil pacífica contra a cumplicidade do Reino Unido com Israel.

“Continuamos vendendo armas para Israel, permitindo que negocie livremente, em vez de congelar seus ativos. Não temos escolha a não ser estar aqui para defender nosso direito à liberdade de expressão e exigir o fim imediato do genocídio na Palestina”, afirmou.
A imagem de Higgins com um cartaz denunciando o massacre em Gaza passou a circular nas redes sociais como símbolo da repressão, mobilizando a convocação de novos atos para outubro.
Contestação judicial
A classificação do Palestine Action como grupo terrorista já é alvo de disputa na Justiça. Em julho, advogados do movimento conseguiram uma liminar na Suprema Corte, que, em tese, permitia a realização do protesto de sábado. A próxima audiência sobre o tema está marcada para 25 de setembro.
Autoritarismo disfarçado
A repressão em Londres expõe a contradição do governo britânico, que se apresenta como defensor de liberdades civis, mas reprime duramente manifestações pacíficas contra a cumplicidade do país com o genocídio em Gaza. O uso da lei antiterrorismo contra movimentos de solidariedade revela o avanço de um autoritarismo seletivo, que cala vozes críticas enquanto mantém ativo o comércio de armas com Israel.