A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) decidiu cancelar a apresentação do jornalista e escritor Eduardo Bueno, prevista para 14 de setembro em Porto Alegre, no espetáculo intitulado “Brasil: Pecado Capital”.
O evento tinha como objetivo narrar a história das três capitais brasileiras — Salvador, Rio de Janeiro e Brasília — e discutir como a construção do poder nacional sempre esteve marcada por esquemas, desvios e superfaturamentos.
Censura motivada por declarações
A decisão da PUC-RS ocorreu após declarações de Bueno sobre o assassinato do ativista de extrema-direita estadunidense Charlie Kirk, morto em 12 de setembro de 2025.
Em vídeo nas redes sociais, o jornalista afirmou que era “terrível um ativista ser morto por ideias, exceto quando é Charlie Kirk” e que “foi bom para suas filhas”. Essas falas geraram repercussão imediata entre políticos e influenciadores conservadores, culminando na rescisão do contrato para o uso do espaço universitário.
Posicionamento da universidade
Em nota oficial, a PUC-RS informou que o evento não integrava a programação institucional e que seria promovido por terceiros, em espaço locado para eventos:
“O evento ‘Brasil: Pecado Capital com Eduardo Bueno’ não será mais realizado no Salão de Atos Ir. Norberto Rauch, em razão da rescisão do contrato de locação.”
A instituição afirmou ainda que “reforça seu compromisso com a liberdade de expressão”, mas repudia qualquer manifestação contrária à vida e à dignidade humana, alegando que tais posicionamentos “não condizem com nossos valores institucionais”.
Reação política e social
O vereador Ramiro Rosário, do Novo, denunciou a filha de Bueno, que mora nos EUA, ao consulado, alegando ameaça à segurança de brasileiros e americanos. Ele comemorou a decisão da universidade:
“Essa é uma vitória de quem acredita que o respeito à vida deve se sobrepor a qualquer discordância política. A universidade fez a escolha certa.”
Entretanto, críticos da medida apontam que o cancelamento configura censura velada, atentando contra a liberdade de expressão e o debate público, pilares fundamentais da democracia.