A delegação brasileira que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, enfrenta atrasos na emissão de vistos pelos Estados Unidos, a uma semana do início do Debate Geral. A situação preocupa o Itamaraty e é interpretada por diplomatas como forma de constrangimento político à comitiva nacional.
O visto de Lula está garantido, mas outros integrantes permanecem sem documentação emitida, segundo fontes do Ministério das Relações Exteriores. O órgão confirmou que as solicitações estão em processamento, sem detalhar o número de documentos pendentes.
“Nossa expectativa é que correrá bem”, declarou Marcelo Viegas, diretor do Departamento de Organismos Internacionais, reforçando que a liberação de vistos não garante automaticamente a entrada no país.
Pressão política e violação de acordos internacionais
A avaliação do Itamaraty é que os vistos podem ser liberados de última hora, estratégia recorrente dos EUA como pressão política. Na semana passada, o governo brasileiro levou o tema a um comitê da ONU que trata de restrições de acesso a países-sede, alertando que qualquer impedimento violaria o acordo de sede da ONU, assinado em 1947.
Em caso de restrições, Brasília poderá acionar procedimento arbitral no âmbito da ONU, contestando o ato como violação das normas que garantem o livre acesso de representantes oficiais às atividades multilaterais.
Contexto de tensão diplomática
A tensão bilateral se intensificou após medidas punitivas aplicadas pelos EUA contra ministros do governo Lula, incluindo o cancelamento de vistos pessoais ou familiares do titular da Saúde, Alexandre Padilha, e do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O Itamaraty segue atuando para reverter essas ações.
Especialistas em relações internacionais avaliam que a postura estadunidense evidencia tentativas de constrangimento político, ao mesmo tempo em que desafia o compromisso histórico do país com o livre acesso de delegações estrangeiras à ONU.
O episódio reforça o clima de disputa diplomática e evidencia a importância de o Brasil defender seu protagonismo internacional, mantendo a presença efetiva e respeitando os protocolos multilaterais.