A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu oficialmente a prática de genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza. A declaração histórica coincide com a fuga de pelo menos 350.000 pessoas em um único dia, forçadas por uma nova e massiva ofensiva terrestre das Forças de Defesa de Israel (FDI) contra a cidade de Gaza.
O êxodo em massa ocorreu na terça-feira (16 de setembro de 2025), com civis formando longas filas na estrada costeira em desespero para escapar dos bombardeios. Hospitais locais registraram pelo menos 69 mortes apenas na manhã do ataque. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu a operação, classificando a cidade como o “núcleo central” do Hamas.
Contexto Histórico e Críticas Internacionais
A investida militar israelense não é um evento isolado, mas o ápice de uma campanha de 346 dias iniciada após os ataques de 7 de outubro de 2023. A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU baseou sua conclusão de genocídio em um padrão sistemático de atrocidades.

O governo Netanyahu neita veementemente as acusações, classificando o relatório como uma “diatribe difamatória”. No entanto, a comunidade internacional amplifica suas críticas. A União Europeia instou Israel a suspender a invasão, alertando para mais destruição e uma crise humanitária já catastrófica. O Reino Unido taxou a ofensiva de “totalmente imprudente e aterradora”.
Os Crimes que Configuram o Genocídio
A classificação de genocídio pela ONU é fundamentada em crimes específicos delineados pelo direito internacional. As ações do governo israelense, já acusado de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, incluem:
- Extermínio: Assassinato de civis e grupos protegidos, como jornalistas e trabalhadores humanitários, além da criação deliberada de condições que levam à morte por fome e deslocamento forçado.
- Danos Físicos e Mentais: Mau tratamento de detidos, deslocamentos forçados em massa e destruição ambiental que tornam a região inabitável.
- Destruição de Infraestrutura Vital: Demolição generalizada de hospitais, restrição ao acesso médico e bloqueio sistemático de ajuda humanitária essencial, incluindo água, eletricidade e combustível.
- Violência Contra Mulheres e Crianças: Danos deliberados a menores e violência reprodutiva, incluindo violações e a destruição de clínicas de fertilidade – com mais de 4.000 embriões perdidos.
A Resposta Europeia e o Caminho para a Paz
Perante a escalada, a UE sinaliza uma mudança concreta em sua postura. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs novas sanções contra extremistas israelitas de direita e uma suspensão parcial do acordo comercial com o país. Além disso, milhões de euros em fundos europeus para Israel podem ser congelados.
A chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, deve apresentar propostas formais para aumentar a pressão sobre o governo Netanyahu. O apelo por um cessar-fogo imediato, a libertação de reféns e um caminho para uma paz duradoura ecoa entre as lideranças europeias e britânicas, em um raro alinhamento contra a ofensiva.

A Crise Humanitária e o Apelo das FDI
Enquanto isso, o cenário em Gaza é de caos absoluto. Brigadeiro-General Effie Defrin, porta-voz das FDI, reiterou que a cidade de Gaza é o “maior escudo humano da história” e exortou civis a se deslocarem para uma “zona humanitária” no sul, prometendo maior acesso a alimentos e cuidados médicos. No entanto, organizações humanitárias contestam a segurança e a efetividade dessas áreas, denunciando a política de deslocamento forçado como parte integrante da crise.