O economista e professor Elias Jabbour saudou publicamente os diretores Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo pela produção da aguardada série “Operação Condor”, que promete revelar detalhes inéditos sobre o esquema internacional de repressão e desestabilização liderado pelos Estados Unidos na América Latina durante as ditaduras militares. Em vídeo publicado em suas redes sociais nesta quarta-feira (17), Jabbour afirmou que “pela primeira vez em décadas, a verdade poderá vir à tona”.
A série, composta por sete episódios, dedicará capítulos específicos a cada país-alvo da operação — Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru —, revelando crimes históricos como voos da morte, desaparecimentos forçados e assassinatos de opositores políticos coordenados entre regimes autoritários e serviços de inteligência norte-americanos.
O laboratório da desestabilização
Jabbour destacou que a Operação Condor foi um “baita laboratório” onde foram testados diversos níveis de guerra psicológica, guerra aberta e táticas de desestabilização com o objetivo único de instalar governos alinhados aos interesses dos EUA na região.
“Essas manobras não ficaram no século passado”, alertou o economista. “Ainda hoje os EUA seguem a influenciar nosso dia a dia, agora sob forma de guerra híbrida ou mesmo sob forma de guerra tarifária“.
A observação de Jabbour ecoa eventos recentes — como a articulação golpista de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, criticada publicamente hoje pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre — e demonstra como as estratégias de interferência externa evoluíram, mas mantêm o mesmo objetivo: subjugar nações soberanas.
Por que a série importa agora?
Em um momento onde setores políticos tentam reescrever a história e minimizar os crimes das ditaduras — como demonstram os projetos de anistia a golpistas em tramitação no Congresso —, a série “Operação Condor” assume papel crucial na preservação da memória e da verdade.
Jabbour não poupou significance à iniciativa:
“O projeto audiovisual é fundamental para entender as raízes desse processo em curso na atualidade, e também para todos nós que buscamos e trabalhamos pela verdade”.
Os capítulos da dor latino-americana
Cada episódio da série abordará um aspecto específico da repressão:
- Chile: A morte suspeita de Pablo Neruda;
- Brasil: A luta por memória, verdade e justiça;
- Argentina: Explosões de carros como tática de terror;
- Uruguai: Os “voos da morte” sobre o Rio da Prata;
- Paraguai: Ossadas de desaparecidos políticos;
- Bolívia: Desaparecimentos forçados;
- Peru: A conexão europeia na repressão.
A produção chega em um momento crucial, quando arquivos secretos começam a ser abertos e famílias de vítimas ainda buscam respostas — e quando a sombra do autoritarismo volta a assombrar o continente.
Com informações do Diálogos do Sul Global