O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, afirmou nesta quarta-feira (17) que a Faixa de Gaza é uma “mina de ouro” imobiliária e revelou que já negocia com os Estados Unidos a divisão do território palestino após a guerra genocida que já matou dezenas de milhares de civis.
A declaração — feita em conferência em Tel Aviv — explicita o projeto sionista de limpeza étnica com fins lucrativos, onde escombros e corpos dão lugar a prospectos de negócios.
“A demolição, primeira etapa da renovação, já foi feita”, declarou Smotrich com frieza burocrática, referindo-se à destruição completa de bairros inteiros, hospitais, universidades e infraestrutura civil em Gaza. Segundo o jornal Times of Israel, o ministro confirmou que um “plano de negócios” já está nas mãos do presidente norte-americano Donald Trump.
O genocídio como oportunidade imobiliária
As declarações de Smotrich ocorrem no mesmo dia em que:
- A ONU confirmou que um genocídio está em curso em Gaza;
- Israel abriu uma “rota temporária” para expulsar palestinos remanescentes;
- A União Europeia propôs sanções comerciais contra Israel e contra o próprio Smotrich.
O ministro — que já defendeu abertamente a anexação de Gaza e a transferência forçada de palestinos — detalhou a visão empresarial do massacre: em maio, afirmou que o objetivo era deixar Gaza “totalmente destruída”; em julho, prometeu transformar o enclave na “Riviera de Gaza” com apoio de Trump.
O plano Trump-Smotrich: colonialismo 2.0
Conforme revelado pelo Washington Post em agosto, Trump avalia colocar Gaza sob controle americano por dez anos. O projeto inclui:
- Pagar palestinos para deixarem o território permanentemente;
- Reconstruir a área como polo turístico de luxo;
- Rebaptizar a região como “Riviera do Oriente Médio”.
A proposta — rejeitada por palestinos e pela comunidade internacional — é a versão século XXI da Doutrina Monroe, onde potências estrangeiras dividem territórios soberanos como se fossem quinhões colonialistas.
A resposta internacional: sanções e hipocrisia
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou restrições comerciais e sanções a ministros israelenses — incluindo Smotrich. Mas as medidas chegam tarde: o genocídio já consumou-se sob os olhos complacentes do Ocidente.
Enquanto isso, famílias palestinas são empurradas para o deserto ou para o mar — e seus lares, histórias e memórias são apagados para dar lugar a resorts e condomínios de luxo.
Capitalismo genocida
Smotrich apenas verbalizou o que Israel pratica há meses: a transformação de um povo em entulho, e de seu território em commodity. Gaza não é exceção — é o modelo extremo do capitalismo racial que trata vidas descartáveis como obstáculo ao lucro.
A “mina de ouro” de Smotrich é um cemitério. Seu “plano de negócios” é uma certidão de óbito em escala industrial.