Vexame e Retrocesso

Rio passa vergonha mundial com Gratificação a policiais que matam: ‘Faroeste’

Alerj aprova “bônus faroeste” e medidas provocam reação de juristas, imprensa e organismos de direitos humanos

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Diário de Notícias de Portugal

A aprovação do Projeto de Lei nº 6.027/2025 pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) reacendeu debates sobre segurança pública e direitos humanos.

A medida, conhecida como “gratificação faroeste”, prevê bônus de 10% a 150% do salário de agentes por apreensão de armas de grande calibre ou pela “neutralização” de criminosos, termo que se refere à morte de suspeitos em operações.

A gratificação policial motivou forte repercussão na imprensa internacional.

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La Nacion expõe o vexame do Rio de Janeiro com medida esdruxula de "segurança"
La Nacion expõe o vexame do Rio de Janeiro com medida esdruxula de “segurança”

Segundo levantamento do O Globo, o jornal argentino La Nación destacou: “Polêmica no Rio de Janeiro: aprovado bônus para policiais que matam bandidos”. O deputado federal Henrique Vieira (PSOL) criticou a medida: “Esse bônus incentiva a violência e transforma a morte em política pública. A segurança não se alcança através da barbárie”.

Em 2024, 703 pessoas morreram em ações policiais no Rio — quase duas por dia. Embora o número seja 19% menor que em 2023, quando ocorreram 871 mortes, a política de bonificação eleva o risco de confrontos e viola o direito à vida.

O jornal português Diário de Notícias ressaltou que a emenda foi impulsionada por parlamentares conservadores e que grupos criminosos e parapoliciais dominam territórios, cobrando por serviços básicos em comunidades. Já a agência AFP e veículos internacionais, como o portal Malay Mail, da Malásia, classificaram a iniciativa como “bônus do Velho Oeste”, lembrando que intervenções agressivas são comuns em favelas densamente povoadas.

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Lei aprovada na Alerj fez o Rio passar vergonha até na Malásia
Lei aprovada na Alerj fez o Rio passar vergonha até na Malásia

Críticas jurídicas e do MPF

O Ministério Público Federal (MPF) notificou o governador Cláudio Castro sobre possíveis inconstitucionalidades. O procurador Júlio José Araújo Júnior destacou três vícios principais:

  1. Vício de iniciativa: a Constituição reserva ao Executivo a criação de cargos ou aumento de remuneração. Como a proposta partiu da Alerj, sua tramitação é irregular.
  2. Descumprimento da ADPF 635: decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendem premiações que incentivem a letalidade policial.
  3. Violação do direito à segurança pública: não há evidências de que bonificação à letalidade reduza a violência; ao contrário, pode intensificar confrontos e corroer a confiança da população nas instituições.

Retrocesso em segurança pública

Entidades de direitos humanos e juristas alertam que a gratificação policial ignora princípios básicos, como presunção de inocência e direito à vida, substituindo políticas de prevenção por incentivos à letalidade. O governo estadual ainda não se manifestou oficialmente, mas a pressão nacional e internacional aumenta sobre o Palácio Guanabara.

A decisão sobre sanção ou veto colocará o Rio no centro do debate mundial sobre violência policial e direitos humanos.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.