O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, declarou que o Brasil precisa ser “consertado” para agir em conformidade com os interesses de Washington.
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A afirmação foi feita em entrevista à rede NewsNation, divulgada neste sábado (27), e ampliou a tensão nas relações bilaterais. Segundo o secretário, países como Brasil, Suíça e Índia estariam prejudicando a economia norte-americana e precisariam “entrar no jogo” imposto por Donald Trump.
Brasil na mira de Washington
De acordo com Lutnick, os três países citados devem abrir seus mercados e interromper medidas que afetam os Estados Unidos. “Temos um monte de países para consertar, como Suíça, Brasil e Índia. São países que precisam realmente reagir corretamente com a América”, declarou.
O caso brasileiro está diretamente ligado às tarifas impostas por Trump. Produtos exportados do país foram atingidos por taxações pesadas, em linha com a política agressiva de comércio da Casa Branca.
Tarifas e impactos globais
O Brasil enfrenta barreiras semelhantes às aplicadas à Índia, que sofre uma taxação de 50% em diversos produtos — metade vinculada à compra de petróleo da Rússia. Já a Suíça paga tarifas de até 39% e, a partir de 1º de outubro, passará a ter setores estratégicos, como farmacêutico e de transporte, sobretaxados em até 100%.
Essas medidas revelam uma estratégia de protecionismo econômico norte-americano que pode gerar impactos graves para exportadores brasileiros. Setores como o agronegócio, o farmacêutico e a indústria de base estão entre os mais vulneráveis.
Lula e Trump: química em meio à tensão
As declarações de Lutnick ocorrem poucos dias após um encontro informal entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O republicano afirmou ter tido “uma química excelente” com o presidente brasileiro e chegou a elogiá-lo. “Ele pareceu ser um homem muito legal, na verdade. Ele gostou de mim, eu gostei dele. E eu só faço negócios com pessoas de quem gosto”, afirmou Trump.
Lula, por sua vez, chamou o episódio de “boa surpresa” e confirmou interesse em uma reunião bilateral, ainda sem local ou data definidos.
Desafios para o Brasil
Enquanto a diplomacia busca reduzir tensões, o governo brasileiro tenta conter os danos do tarifaço norte-americano. A necessidade de proteger empregos, manter mercados abertos e evitar submissão às imposições de Washington recoloca o tema da soberania econômica no centro do debate.
Se, por um lado, a aproximação pessoal entre Lula e Trump pode abrir espaço para negociação, por outro, as falas duras de Howard Lutnick demonstram que os obstáculos permanecem altos. O Brasil precisará equilibrar defesa de seus interesses estratégicos e diálogo com a Casa Branca para evitar retrocessos comerciais.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		