O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub voltou a atacar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nesta quarta-feira (8), em nova ofensiva pública contra a família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em publicação no X (antigo Twitter), Weintraub ironizou o parlamentar, afirmando que o filho do ex-presidente “está desesperado” após a condenação do pai e que agora “terá que fazer algo que os Bolsonaros não gostam: trabalhar”.
Ex-ministro provoca e chama Eduardo de “refugiado desqualificado”
Na postagem, Weintraub usou o tom de escárnio que tem marcado suas declarações recentes contra o bolsonarismo. “Entenda o desespero de bananinha: Caso o papi não mande $ ou ele não tenha roubado muito, terá que fazer algo que os Bolsonaros não gostam: TRABALHAR! Nos EUA, ele é apenas mais um refugiado desqualificado. Who is Dudu little banana in the line of bread?”, escreveu o ex-ministro, misturando português e inglês para ironizar o apelido “bananinha”, usado por críticos de Eduardo Bolsonaro desde o início de sua carreira política.
Weintraub, que foi um dos principais nomes do núcleo ideológico do governo Bolsonaro, rompeu com a família em 2020 após deixar o cargo em meio a uma série de conflitos internos. Ele colecionou desentendimentos com reitores, parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — a quem chegou a chamar de “vagabundos” durante uma reunião ministerial que se tornou pública.
Do bolsonarismo à oposição feroz
Desde que saiu do governo, Abraham Weintraub passou a se declarar arrependido de ter apoiado Jair Bolsonaro, tornando-se um dos críticos mais duros do movimento que ajudou a construir. De acordo com o Estadão, o ex-ministro passou a ser visto por ex-aliados como um “gerador de crises desnecessárias” dentro da direita.
Em junho deste ano, Weintraub reagiu ao interrogatório de Bolsonaro no STF, dizendo-se “otário” por ter acreditado no ex-presidente. “Nós, que acreditamos no Bolsonaro em algum momento, fomos otários! Eu fui muito otário!”, publicou, junto a um vídeo em que o ex-presidente sugeria o nome de Alexandre de Moraes como possível vice em 2026.
O ex-ministro também chamou o bolsonarismo de “lepra, rastejante, covarde, mentirosa e calhorda”, além de atacar antigos aliados, classificando-os como “ratos” e “covardes”.
Eduardo Bolsonaro isolado e sob críticas
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro enfrenta crescente isolamento político e pessoal. Desde março, ele vive nos Estados Unidos, para onde viajou após se tornar alvo de investigações no Conselho de Ética da Câmara, acusado de atuar contra o Brasil no exterior.
O deputado é apontado por ex-aliados como figura decadente dentro da direita, especialmente após o ex-presidente Jair Bolsonaro admitir publicamente que “banca o filho” durante sua estada no país norte-americano. Segundo interlocutores, Eduardo tem participado de encontros com líderes da direita cristã e do Partido Republicano, tentando manter relevância política entre grupos conservadores.
Bolsonarismo em crise
Os ataques de Weintraub expõem as fraturas internas do bolsonarismo, agravadas após as derrotas eleitorais, investigações judiciais e a condenação de Jair Bolsonaro em ações eleitorais e penais. A debandada de antigos apoiadores, somada à ausência de unidade partidária, alimenta a disputa por protagonismo dentro da extrema direita.
Analistas avaliam que as críticas públicas de ex-ministros e ex-aliados representam uma erosão da base simbólica do bolsonarismo, que tenta se reorganizar em meio à perda de credibilidade e influência. O discurso de Weintraub, antes um dos ideólogos mais radicais do governo, sintetiza a transformação do ex-ministro em voz dissonante — e, cada vez mais, em inimigo interno do movimento.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		