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Lula diz que não quer amigo, quer ministro para o STF

Em Roma, presidente reafirma que escolha para o Supremo será técnica e sem interferências políticas, após aposentadoria de Barroso.

Vanessa Neves
Vanessa Neves
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.
Lula - Foto: © Ricardo Stuckert

O presidente Lula afirmou nesta segunda-feira (13), em Roma, que ainda avalia quem indicará para a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao reforçar que a decisão será técnica e não pessoal, Lula resumiu sua postura com uma frase que ecoou em Brasília: “Lula não quer amigo, quer ministro.”

Segundo o presidente, o nome escolhido deve ter preparo e compromisso com a Constituição, não afinidade política.

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“Quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, se preto ou branco, mas que seja antes de tudo gabaritada para ser ministro da Suprema Corte. Eu não quero um amigo, quero um ministro da Suprema Corte que terá como função específica cumprir a Constituição brasileira”, declarou.


Critério técnico e independência política

Em tom firme, Lula destacou que esse critério tem orientado todas as suas indicações desde o início do mandato.

“Foi assim com todos os ministros que indiquei até agora. Quando chegar no Brasil, vou conversar com muita gente do governo e vou tomar minha decisão e anunciar quem é que vou mandar”, afirmou.

A declaração é também uma resposta às pressões políticas e partidárias que tradicionalmente acompanham o processo de escolha para o STF. O presidente criticou a tentativa de interferência de setores que buscam influenciar uma prerrogativa exclusiva do chefe do Executivo.

“No Brasil tem uma coisa muito interessante: as pessoas acham que podem decidir pelo governo. Indicar um ministro ou ministra da Suprema Corte é tarefa do presidente da República”, completou.

A fala, feita durante coletiva na Itália, reforça a intenção de marcar um contraponto às indicações baseadas em alianças pessoais, prática comum em governos anteriores e frequentemente alvo de críticas de especialistas em direito constitucional.

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A aposentadoria de Barroso e o cenário político

A vaga no Supremo surgiu após a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso, anunciada na quinta-feira passada. Lula afirmou que já esperava a saída do ministro, mas se surpreendeu com a rapidez do gesto.

“O que foi precipitado foi o ministro Barroso se afastar com tanta rapidez. Eu imaginava que ele fosse se afastar, mas demorar um pouco mais”, observou.

Barroso, que presidiu o STF desde 2023, completaria 75 anos apenas em 2033, idade-limite para aposentadoria compulsória. Sua saída abre espaço para uma nova disputa de bastidores entre alas jurídicas e políticas do governo.

Nos corredores de Brasília, o advogado-geral da União, Jorge Messias, desponta como o favorito ao posto. A ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também é apontada como possível candidata, fortalecendo a expectativa de que Lula possa escolher uma mulher para a Corte.

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Debate sobre critérios e impacto institucional

A definição do próximo ministro ou ministra deve considerar critérios jurídicos e políticos, além de passar pela aprovação do Senado Federal. Nos bastidores do Planalto, a escolha é tratada como uma das mais estratégicas do mandato, capaz de redefinir o equilíbrio de forças no Supremo Tribunal Federal pelos próximos anos.

O processo ocorre em um momento em que o STF enfrenta intenso escrutínio público, em meio a debates sobre a relação entre os Poderes e o combate à desinformação. A escolha de um nome técnico e independente, segundo analistas, reforçaria o compromisso de Lula com a estabilidade institucional e a valorização da Justiça como pilar democrático.

Além disso, setores progressistas defendem que o presidente priorize a representatividade racial e de gênero, corrigindo a sub-representação histórica no Judiciário. Entretanto, como Lula frisou, o foco principal continuará sendo a competência jurídica.

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“Eu não quero um amigo, quero um ministro”, repetiu, sintetizando o tom que pretende impor à sucessão de Barroso.


Contexto político e reação em Brasília

A declaração repercutiu imediatamente entre líderes partidários e juristas. Parlamentares da base governista elogiaram a ênfase de Lula em um perfil técnico, enquanto setores da oposição tentaram associar o discurso a um gesto de distanciamento político.
Por outro lado, aliados próximos veem na fala uma tentativa de fortalecer a imagem de independência do governo e evitar desgastes em um momento de forte polarização institucional.

O processo de indicação deve se intensificar nas próximas semanas, com consultas informais e reuniões reservadas no Palácio do Planalto. A expectativa é que o anúncio ocorra ainda em outubro, após o retorno de Lula ao Brasil.

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Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.