Durante visita oficial à Malásia, o presidente Lula (PT) fez um duro alerta sobre o genocídio em Gaza e o avanço da fome no mundo. Em discurso na madrugada deste sábado (25), em Kuala Lumpur, o presidente defendeu a solidariedade entre as nações e criticou a inércia das instituições internacionais diante das crises humanitárias que devastam populações inteiras.
“A juventude está indignada com o fato de que 673 milhões de seres humanos ainda dormem com fome todos os dias. E as comunidades universitárias, em todo o mundo, têm elevado suas vozes contra a brutalidade do genocídio em Gaza e contra a inércia moral que impede até hoje que o Estado Palestino seja criado”, declarou Lula.
Solidariedade e juventude como esperança
O presidente destacou o papel dos jovens como força transformadora e lembrou que a paz não é um bem de consumo, mas um valor humano universal.
“Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade. Ela não pode ser comprada com os 2 trilhões e setecentos bilhões de dólares que o mundo gasta anualmente com armas. Somente a ação solidária das pessoas e das nações pode pavimentar um futuro de prosperidade compartilhada”, afirmou.
As falas de Lula ecoam sua posição histórica em defesa dos direitos humanos e da soberania dos povos — uma postura que tem lhe rendido protagonismo internacional e também críticas de setores conservadores. O petista reforçou que a omissão global diante da tragédia palestina representa um fracasso moral das grandes potências e das Nações Unidas, cuja paralisia agrava o sofrimento de milhões.
Além disso, o presidente vem usando os fóruns internacionais para cobrar um novo pacto de governança global, mais democrático e justo, retomando o protagonismo do Brasil em temas humanitários e ambientais.
Homenagem e acordos bilaterais
Durante a viagem, Lula recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia (UKM). A cerimônia foi presidida pelo Sultão de Negeri Sembilan, reitor da instituição, Tuanku Muhriz. O presidente agradeceu o reconhecimento, classificando-o como “um tributo ao povo brasileiro”.
A visita, a primeira de um presidente brasileiro à Malásia em três décadas, foi marcada pela assinatura de acordos bilaterais nas áreas de energia, ciência e tecnologia, visando fortalecer o comércio e os investimentos entre os dois países.
Esses pactos fazem parte da estratégia de reaproximação do Brasil com o Sudeste Asiático, região que desponta como potência econômica emergente e parceira estratégica em temas como transição energética e segurança alimentar.
Elogios e afinidades políticas
O primeiro-ministro Anwar Ibrahim elogiou a postura do líder brasileiro, chamando-o de “amigo e aliado de valores comuns”.
“Este é um encontro entre amigos que compartilham convicções e ideias. Tenho certeza de que nossos países vão trabalhar juntos como parceiros em diferentes áreas”, afirmou Ibrahim, destacando a coragem de Lula em denunciar injustiças e desigualdades globais.
A afinidade entre os dois líderes reflete uma agenda comum progressista, centrada na justiça social, na autodeterminação dos povos e na defesa de uma ordem mundial multipolar. Para observadores políticos, a visita fortalece o papel do Brasil como porta-voz do Sul Global e interlocutor entre as nações em desenvolvimento.
