O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se recuperou da crise de soluço que o acompanhava há semanas e provocava vômitos e desconforto, inclusive durante conversas com visitantes. Segundo aliados próximos, a melhora física é visível, mas o estado emocional do ex-mandatário segue abalado, em meio à expectativa pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o local em que ele deverá cumprir pena.
As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Tensão e fragilidade emocional
Aliados relatam que Bolsonaro tem apresentado momentos de choro e grande fragilidade emocional. A tensão cresceu nas últimas semanas com a proximidade do fim do julgamento no STF, que definirá o regime e o local de cumprimento da pena do ex-presidente, condenado por atentado ao Estado Democrático de Direito.
O cenário político também contribui para o desgaste. O projeto de anistia articulado por aliados está parado no Congresso, e a proposta de redução de penas não avança. Além disso, a direita enfrenta divisões internas, e o apoio internacional de Donald Trump ao bolsonarismo perdeu força recentemente.
Mais Notícias
Foto de Lula e Trump causa incômodo entre bolsonaristas
A imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, registrada durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, provocou constrangimento entre aliados de Bolsonaro.
Mesmo com tentativas de minimizar o episódio, a avaliação interna foi de que a foto simboliza uma derrota política. Trump — antes um dos principais aliados internacionais de Bolsonaro — agora aparece cordial e sorridente ao lado de Lula, que celebrou o encontro como parte de um processo de reaproximação diplomática entre Brasil e EUA.
Eduardo Bolsonaro vira alvo de ironias no Planalto
A situação também gerou mal-estar em Brasília. Segundo interlocutores, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que havia articulado as tarifas americanas sobre produtos brasileiros — fator que motivou o encontro entre os dois presidentes — passou a ser tratado com ironia dentro do Planalto.
Assessores de Lula chegaram a apelidá-lo de “cabo eleitoral de Lula”, já que a medida acabou forçando uma reunião diplomática que resultou em ganho político para o petista.
A percepção geral é de que Lula assumiu o papel de novo interlocutor de Trump, posto antes associado a Eduardo Bolsonaro, apelidado de “Bananinha”.
Contexto: crise política e isolamento
A confluência de fatores — crise emocional, isolamento político, divisão na direita e perda de influência externa — reforça o momento mais delicado de Bolsonaro desde o fim do mandato.
Enquanto Lula consolida vitórias diplomáticas e vantagem eleitoral, o ex-presidente enfrenta desgaste crescente e incertezas sobre o futuro judicial e político.




