Quem diria?

Senadores bolsonaristas recorrem contra projeto que criminaliza misoginia

Parlamentares pedem debate amplo e criticam definição vaga que tornaria crime inafiançável e imprescritível

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Senador Flávio Bolsonaro

Um grupo de senadores alinhados ao bolsonarismo apresentou recurso contra a aprovação em decisão terminativa na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado do projeto que tipifica a misoginia como crime, equiparando-o à discriminação por raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Os parlamentares solicitam que o texto seja discutido no plenário para voto de todos os senadores.

De autoria da senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), o projeto insere a misoginia na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989) e define a conduta como “ódio ou aversão às mulheres baseada na crença da supremacia do gênero masculino”. Com a aprovação, o crime passaria a ser punido com reclusão de 2 a 5 anos e multa, e se tornaria inafiançável e imprescritível, assim como o racismo. A proposta visa preencher uma lacuna jurídica importante, pois hoje atos misóginos são enquadrados em crimes genéricos, como injúria ou difamação.

Porém, os senadores contrários à aprovação direta alegam que a redação do projeto é “ampla e imprecisa”, o que poderia criminalizar comportamentos que não configuram ódio real ou discriminação contra mulheres. Argumentam ainda que a medida impacta direitos fundamentais, como a liberdade de expressão e a segurança jurídica, e que a alteração necessita de aperfeiçoamento técnico para evitar distorções.

O recurso foi protocolado por Eduardo Girão (Novo), contou com apoio de senadores como Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Marcos Rogério (PL-RO), Magno Malta (PL-ES) e outros, que defendem a discussão em plenário como forma de garantir um debate mais amplo e transparente antes do projeto seguir para a Câmara dos Deputados.

No Senado, a decisão terminativa permite que projetos sejam aprovados em comissões e sigam diretamente para a próxima etapa, salvo se houver recurso para discussão no plenário. O pedido dos bolsonaristas reabre a possibilidade de ampla deliberação democrática sobre os efeitos legais da criminalização da misoginia em escala nacional.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.