O democrata Zohran Mamdani, eleito com 50,3% dos votos, fez história nesta terça-feira (4) ao se tornar o primeiro muçulmano eleito prefeito de Nova York. Em um discurso inflamado e simbólico, o socialista provocou diretamente o ex-presidente Donald Trump, principal expoente da direita norte-americana.
“Sei que está assistindo, aumente o volume”, disse Mamdani, arrancando aplausos de uma multidão reunida em Queens. A fala marcou o tom de confronto político com o trumpismo e reafirmou o perfil progressista de sua gestão.
Com mais de 2 milhões de votantes — o maior comparecimento desde 1960 —, a eleição foi interpretada como uma resposta popular à ascensão de discursos xenófobos e autoritários que dominaram o cenário político dos Estados Unidos na última década.
Uma cidade construída por imigrantes
Durante seu pronunciamento, Mamdani destacou que Nova York continuará sendo uma cidade de imigrantes, construída e liderada por imigrantes. O novo prefeito, nascido em Uganda e filho de refugiados indianos, é conhecido por sua trajetória de militância em defesa de moradia popular, justiça racial e redistribuição de renda.
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“Nova York não pertence aos bilionários que acumulam isenções fiscais enquanto famílias trabalham três empregos para sobreviver. A cidade pertence a quem a constrói todos os dias”, declarou.
A fala ecoa o discurso de movimentos socialistas urbanos e reforça o contraste com a retórica anti-imigração que marcou os anos de Trump na presidência.
Choque com Trump e tensões futuras
A vitória de Mamdani representa mais que uma conquista eleitoral: simboliza a consolidação de uma nova ala progressista dentro do Partido Democrata, alinhada a nomes como Alexandria Ocasio-Cortez e Bernie Sanders.
Segundo analistas, a relação entre Mamdani e Donald Trump tende a ser marcada por atritos, sobretudo em temas como política migratória, taxação de grandes fortunas e programas sociais. O novo prefeito defende o aumento de impostos sobre bilionários e a ampliação de serviços públicos gratuitos — posições frontalmente opostas ao projeto republicano.
Nova York pós-Trump
Com a vitória, Nova York reafirma seu papel como epicentro da resistência progressista nos Estados Unidos. Mamdani prometeu transformar a cidade em “modelo de igualdade e inclusão”, reforçando políticas de acolhimento a refugiados e ampliação de moradia pública.
Sua gestão será observada de perto por democratas e republicanos, que veem na capital financeira do país um termômetro político para as eleições presidenciais de 2028.




