A Justiça de São Paulo tornou réu o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) por violência doméstica e psicológica contra a ex-mulher, a influenciadora Cíntia Chagas.
A decisão foi proferida nesta terça-feira (4) e aceita a denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), incluindo acusações de perseguição, agressão física e violência psicológica.
Embora tenha reconhecido a gravidade das condutas e o descumprimento de medidas protetivas, o magistrado negou o pedido de prisão preventiva formulado pelo MP, afirmando que a detenção “não seria adequada, necessária ou proporcional neste momento”.
Mesmo assim, o deputado foi multado em R$ 50 mil por violar decisões judiciais anteriores, como a proibição de comentar o caso nas redes sociais. Segundo o juiz, a penalidade visa garantir o cumprimento das medidas protetivas e coibir novas infrações.
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Defesa e reação da vítima
Em nota, a defesa de Lucas Bove comemorou a negativa da prisão, afirmando que o parlamentar “finalmente poderá comprovar a mendacidade das acusações”. Os advogados também alegaram que Cíntia já teria feito acusações falsas em outro relacionamento.
Por outro lado, Cíntia Chagas classificou a decisão como um passo importante na responsabilização do ex-companheiro.
“A cada decisão processual que o contraria, ele elege um novo algoz. E agora? Acusará o juiz de quê? Eu continuo acreditando na Justiça. Ela existe neste país”, afirmou em nota.
A advogada da influenciadora, Gabriela Manssur, considerou o recebimento da denúncia “um marco na aplicação integral da Lei Maria da Penha”, destacando a importância de reconhecer a violência digital e institucional praticada contra mulheres.
Histórico das acusações
As denúncias vieram a público em setembro de 2024, quando Cíntia procurou a Polícia Civil para relatar agressões, perseguição e humilhações ocorridas durante o relacionamento de dois anos com o deputado.
De acordo com o depoimento, Bove insultava a ex-companheira, exigia provas de localização e, em um episódio, atirou uma faca que atingiu sua perna.
Após o fim do relacionamento, em agosto de 2024, a Justiça concedeu medidas protetivas a Cíntia.
O inquérito inicial da 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) havia descartado a violência física por falta de provas — decisão criticada pela defesa da vítima.
O Ministério Público, porém, ampliou a denúncia, incluindo também as agressões corporais.
Desdobramentos e repercussão
Nas redes sociais, Cíntia comemorou a decisão:
“Para quem duvidou: lesão corporal. Hoje, durmo aliviada. Sigo acreditando na Justiça.”
Ela afirmou que enfrentou “um ano e três meses de dor e coragem” e espera que o caso sirva de exemplo contra o silenciamento e a descredibilização de mulheres vítimas de violência.
Lucas Bove nega todas as acusações e responderá ao processo em liberdade, devendo cumprir integralmente as medidas protetivas e se abster de novas manifestações públicas sobre o caso.




