O prefeito bolsonarista de Parauapebas, Aurélio Goiano (Avante), agrediu com um tapa no rosto o jornalista Wesley Costa, da Rádio Liberal, nesta sexta-feira (14), dentro da COP30 em Belém (PA).
A agressão ocorreu após o político reagir a uma postagem crítica do repórter, desencadeando hostilidade, insultos e intervenção da segurança credenciada pela ONU. O episódio expôs um grave ataque à imprensa e reacendeu o debate sobre violência política e autoritarismo.
A agressão cometida pelo prefeito Aurélio Goiano dentro da área oficial da COP30 representou mais um episódio de intimidação contra jornalistas no país. Segundo a Rádio Liberal, o ataque ocorreu em frente ao estúdio montado pela emissora no interior da conferência, espaço restrito à circulação de profissionais credenciados, autoridades e representantes internacionais.
O conflito teve início após uma postagem de Wesley Costa, que registrou Aurélio Goiano, aliado de Jair Bolsonaro, em diálogo amistoso com o ministro da Secretaria Especial da Presidência, Guilherme Boulos. O registro provocou irritação na equipe do prefeito, que já coleciona episódios públicos de hostilidade contra críticos e veículos de imprensa.
Segundo o jornalista, a assessoria do município havia confirmado uma entrevista durante a COP30. No entanto, ao chegar ao estúdio e perceber que seria entrevistado por Wesley, o prefeito abandonou o local e passou a ofender duas produtoras com xingamentos. O comportamento autoritário culminou na agressão física minutos depois, quando Goiano retornou ao estúdio e desferiu um tapa no rosto do repórter, sem qualquer aviso ou provocação direta naquele momento.
Outros jornalistas relataram que pediram ajuda aos seguranças da Zona Azul, área de acesso restrito administrada sob protocolos da ONU, que intervieram imediatamente. O registro obtido pela CBN mostra o momento em que profissionais gritam por segurança enquanto o prefeito deixa o local da agressão. A equipe de segurança conduziu Aurélio Goiano para uma área isolada, afastando-o do estúdio e impedindo novas hostilidades.
Wesley Costa foi atendido no hospital montado dentro da própria estrutura da COP30. Ele passa bem, segundo a emissora, mas anunciou que registrará ocorrência policial por agressão durante o exercício da profissão. A violência revive discussões sobre ataques à imprensa e instrumentalização política de comportamentos agressivos, marca do bolsonarismo.
A organização da COP decidiu suspender a credencial de Aurélio Goiano, retirando imediatamente seu direito de circulação na conferência. A medida reforça o compromisso institucional da ONU com a segurança de participantes e com o respeito à liberdade de imprensa. O prefeito, procurado pela imprensa, recusou-se a comentar o ataque e a perda da credencial.
O caso expõe o recrudescimento da violência política e do desprezo à atividade jornalística por autoridades alinhadas a práticas autoritárias. A agressão ocorre em um momento em que a COP30 projeta o Brasil ao mundo como sede estratégica de debates ambientais, sociais e democráticos. A presença de um prefeito agredindo jornalistas em espaço internacional reforça a necessidade de responsabilização e de fortalecimento da democracia local.
Violência política e agressões à imprensa
A agressão na COP30 não é um incidente isolado, mas parte de um contexto nacional de ataques a jornalistas por agentes públicos de perfil radicalizado. O caso reacende debates essenciais para a política de proteção à imprensa e para o fortalecimento institucional em um país ainda marcado por discursos de ódio.
Prefeito e agressão a jornalista repercutem na COP30
A suspensão da credencial também levanta questionamentos sobre o impacto da violência política na imagem internacional do Brasil, tema crucial para a economia e para acordos multilaterais debatidos no evento. Além disso, o ocorrido atravessa discussões sobre cultura democrática e responsabilidade pública, ampliando a repercussão do episódio.
Reações e próximos passos
A investigação policial poderá trazer desdobramentos importantes para a responsabilização do prefeito. O caso também desperta debates sobre segurança de profissionais de comunicação em eventos oficiais, tema que dialoga com estruturas institucionais e até programas ligados a esportes e juventude. Para outras análises regionais, acesse também /rio-de-janeiro.

