O Data Favela divulgou a pesquisa inédita “Raio-X da Vida Real”, o maior estudo já realizado com pessoas em plena atividade no tráfico de drogas no Brasil. O levantamento, que ouviu 3.954 entrevistados em 23 estados, revelou que a criminalidade é, na maioria dos casos, um reflexo da desigualdade e da busca por sobrevivência, e não um “projeto de vida”.

No Rio de Janeiro, o cenário é ainda mais claro e dramático, apontando caminhos diretos para a redução da criminalidade nas favelas fluminenses.
💰 Falta de Dinheiro Lidera a Entrada
O dado mais contundente da pesquisa no recorte do Rio de Janeiro é o desejo de mudança.
- 70% das pessoas envolvidas com o crime no Rio deixariam imediatamente essa atividade se tivessem uma oportunidade. Este índice é significativamente superior à média nacional (58%).
- 55% dos entrevistados fluminenses afirmam que começaram a traficar por falta de dinheiro, também acima do índice nacional (49%).
Apesar dos riscos, a vida no crime não oferece estabilidade: 63% dos entrevistados no Rio ganham até dois salários mínimos, e muitos precisam de uma segunda atividade legal para complementar a renda.

🔑 Emprego Formal é a Solução Contra o Crime
O estudo aponta que a estabilidade do trabalho com carteira assinada é o maior fator de saída do crime, especialmente no Rio de Janeiro.
- No Rio, 30% aceitariam sair por uma vaga de emprego formal (CLT).
- Esse índice é o mais alto do país, sendo mais que o dobro registrado em São Paulo.
Por outro lado, apenas 8% dos fluminenses aceitariam trocar o tráfico por um trabalho flexível, como motorista de aplicativo, reforçando o desejo por estabilidade e segurança jurídica.

“Não é Escolha, é Sobrevivência”
A decisão de sair é dificultada, porém, pelo alto risco de vida. A pesquisa mostra que 38% das pessoas no Rio citam o risco de vida como um dos principais fatores que impedem o abandono do crime — mais que o dobro de São Paulo (16%).

“Os dados confirmam aquilo que a CUFA observa há décadas nas favelas: a criminalidade não é projeto de vida, é falta de oportunidade. Não é sobre escolha entre o certo e o errado; é sobre sobreviver”, afirma Marcus Vinicius Athayde, CEO do Data Favela.
Os resultados da pesquisa sugerem que emprego, renda e empreendedorismo são os pilares mais eficazes para enfrentar a criminalidade, superando ações exclusivamente repressivas.

