A crise do Banco Master mobilizou o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) a acionar a Polícia Federal para investigar o papel do Rioprevidência nos investimentos da instituição, que respondia pelo pagamento de aposentadorias de mais de 235 mil servidores estaduais. A denúncia aponta que aportes recentes de cerca de R$ 1 bilhão podem configurar gestão temerária ou fraude, agravando o impacto frente à liquidação do banco e à prisão do banqueiro Daniel Vorcaro.
Banco Master: tensão política e investigação federal sobre o Rioprevidência
A liquidação do Banco Master expôs um cenário preocupante para as finanças públicas do Rio de Janeiro. Na terça-feira, 18 de novembro de 2025, Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, protocolou representação formal junto à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para a abertura de investigação criminal e financeira detalhada sobre os investimentos realizados pela gestão do Rioprevidência no banco. O fundo previdenciário, responsável pelo pagamento dos benefícios de centenas de milhares de servidores públicos estaduais, investiu quantias vultosas em um banco sob grave crise financeira.
No mesmo dia da liquidação, o Banque Central impôs regime especial temporário sobre o Master, e o dono da instituição, Daniel Vorcaro, foi preso, escancarando riscos para o sistema previdenciário fluminense que depende dos aportes do Rioprevidência.
Elementos-chave do caso:
- Investimentos questionados: cerca de R$ 1 bilhão aportados recentemente no Banco Master.
- Denúncia formal por Lindbergh Farias pedindo investigação criminal da gestão previdenciária.
- Prisão do banqueiro Daniel Vorcaro e regime especial temporário decretado pelo Banco Central.
- Ocorrência de alerta prévio do Tribunal de Contas do Estado, destacando riscos desde outubro.
- Conflito de versões sobre o valor real investido.
[Vídeo: Análise detalhada da crise do Banco Master e repercussões no Rioprevidência – Diário Carioca]
Contexto político e riscos financeiros no Rioprevidência
A peça-chave da denúncia protocolada por Lindbergh Farias pede que a investigação federal amplie o escopo para examinar todas as decisões de investimento do Rioprevidência envolvendo o Banco Master, especialmente o aporte superior a R$ 1 bilhão feito pouco antes do colapso da instituição. O deputado ressalta que o Tribunal de Contas do Estado já havia emitido alerta em outubro, apontando para a deterioração financeira crescente do banco e indicando que o fundo previdenciário insistiu em manter o investimento mesmo diante de evidências técnicas contrárias.
“Essa decisão pode configurar dano ao erário público, prejudicar diretamente os segurados do Rioprevidência, e pode configurar crime de gestão temerária ou fraudulenta contra a administração pública,” sublinhou o líder petista no documento entregue à PF.
O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), alinhado ao bolsonarismo, não ofereceu posicionamento oficial até o momento, aumentando o clima de tensão política em torno do tema.
Divergências sobre os valores investidos
Além de Lindbergh, o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL-RJ) também requereu investigação, apontando possível gestão temerária do presidente do Rioprevidência, Deivis Marcon Antunes, e do ex-diretor de investimentos, Euchério Lerner Rodrigues. Ele chamou atenção para o fato de que o Tribunal de Contas havia contabilizado R$ 2,618 bilhões aplicados até julho de 2025, valor contestado pelo fundo.
Em nota oficial, o Rioprevidência afirma que o montante investido diretamente no Banco Master é de cerca de R$ 960 milhões em letras financeiras, e que essas aplicações estão em processo de troca por precatórios federais, minimizando riscos sobre a sustentabilidade do pagamento de aposentadorias e pensões. O órgão reforça que o pagamento mensal de R$ 1,9 bilhão está assegurado, financiado principalmente por royalties do petróleo.
Para o deputado Serafini, entretanto, esse cenário demanda rigorosa apuração da origem dos recursos e das decisões tomadas, alertando sobre o potencial prejuízo para grandes investidores institucionais caso a gestão financeira não se apresente transparente e efetiva.
Implicações políticas e sociais
Este episódio evidencia o ambiente de instabilidade financeira e política no Rio de Janeiro, aliado a uma gestão previdenciária questionada em um momento de crise estrutural do estado. A defesa dos servidores públicos e a fiscalização rigorosa das instituições de controle ganham urgência diante dos riscos detectados pela investigação federal.

