Ismael Lopes, coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, foi agredido na noite de sábado (22) durante a vigília em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, realizada no condomínio onde ele cumpria prisão domiciliar em Brasília. O ativista afirmou nas redes sociais que realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e que teve apenas ferimentos leves.
Ismael compareceu ao local para fazer um discurso aos apoiadores, mas foi hostilizado. Em vídeos divulgados nas redes, manifestantes o empurram e o derrubam no chão, enquanto gritam para que ele deixe o local, sob argumento de que seria “uma armadilha”. Após o episódio, ele declarou que buscava denunciar a instrumentalização da fé cristã em defesa de “quem atentou contra a nação e contra o estado democrático de direito”.
A vigília foi mencionada pelo ministro Alexandre de Moraes como um dos motivos que embasaram a prisão preventiva de Bolsonaro. O encontro havia sido convocado pelas redes sociais pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A agressão ocorreu após a detecção da violação da tornozeleira eletrônica usada pelo ex-presidente, fato que levou Moraes a identificar risco de fuga e determinar a prisão preventiva.
A Polícia Militar do Distrito Federal informou que os envolvidos foram conduzidos à delegacia para registro da ocorrência e que o policiamento foi reforçado na região.
Quem é Ismael Lopes
Ismael Lopes, 34, conhecido como “Irmão Isma” nas redes sociais, é militante progressista e figura ativa na articulação de evangélicos ligados ao campo democrático. Morador de Brasília, possui cerca de 35 mil seguidores no Instagram e integra o Conselho de Participação Social da Presidência da República.
Ele também é membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, movimento que dialoga com o governo Lula e que já participou de encontros com a primeira-dama Janja. Apesar da atuação religiosa, Ismael não é pastor. Sua militância é marcada por críticas contundentes ao bolsonarismo e defesa de pautas associadas à esquerda.
Nas redes, utiliza símbolos e referências ao pensamento marxista e frequentemente comenta temas políticos, desigualdade social e segurança pública. Em publicações anteriores, criticou operações policiais no Rio de Janeiro e autoridades estaduais. Ele também tem histórico de participação em reuniões com ministros e representantes do governo federal.
O discurso que desencadeou a agressão
A ida de Ismael à vigília foi comunicada previamente a lideranças da Frente, embora não tenha sido uma ação organizada pelo movimento. Ao se apresentar como integrante de um grupo evangélico presente em 19 estados, subiu ao palco e citou o versículo “quem cava covas por elas será engolido”.
Na sequência, afirmou que Jair Bolsonaro deveria ser condenado pelas ações durante a pandemia, responsabilizando-o pelas 700 mil mortes causadas pela Covid-19 no país. A reação dos presentes foi imediata: ele foi cercado, perseguido, agredido com socos e pontapés e teve a camisa rasgada.
A Polícia Militar utilizou spray de pimenta para dispersar a confusão e escoltou Ismael até um carro de aplicativo. Segundo relato aos policiais, ele sabia dos riscos, mas disse que seu ato foi “consciente”.
O senador Flávio Bolsonaro pediu aos participantes que não agredissem o orador, mas foi ignorado.

