Abuso

Nikolas Ferreira usa celular na casa de Bolsonaro e viola regras impostas pelo STF antes da prisão

Imagens revelam que Nikolas Ferreira utilizou o celular durante visita ao ex-presidente, contrariando determinação de Alexandre de Moraes e antecedendo a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica.

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Nikolas Ferreira em visita a Bolsonaro

Imagens divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, revelam que o ex-presidente Jair Bolsonaro, detido no sábado (22), recebeu o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em sua residência horas antes de tentar violar a tornozeleira eletrônica. Durante a visita, o parlamentar utilizou o celular na área externa do imóvel, descumprindo ordem expressa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibia visitantes de portar aparelhos de comunicação durante a prisão domiciliar.

As gravações mostram Bolsonaro e Nikolas conversando tranquilamente na parte externa da casa na sexta-feira (21), enquanto o deputado manuseava o telefone. O episódio reacende um histórico recente: em agosto, uma videochamada feita por Nikolas durante um ato da extrema-direita também resultou em sanções contra o ex-presidente, sendo interpretada pelo STF como tentativa de coagir o Judiciário e obstruir a Justiça.

A visita ocorreu pouco antes do sistema de monitoramento registrar, às 00h07 de sábado, a violação da tornozeleira eletrônica. A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal confirmou que o equipamento apresentava “sinais claros e importantes de avaria”, incluindo marcas de queimadura em toda a circunferência do case. A policial penal Rita Gaio relatou que encontrou a estrutura danificada ao realizar a inspeção.

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Ao ser questionado, Bolsonaro afirmou: “meti ferro quente aí (no case da tornozeleira). Curiosidade. (…) Ferro de solda”. Ele insistiu que não teria rompido a pulseira, alegando que o equipamento “está tranquilo aí”. A justificativa apresentada pela equipe de escolta — de que o ex-presidente teria batido a tornozeleira na escada — foi descartada pela perícia, e o dispositivo danificado acabou substituído por outro.

A investigação também chama atenção para o contexto político da ocorrência. Segundo o STF, Bolsonaro teria tentado fugir durante a confusão provocada por uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio onde o pai cumpria prisão domiciliar. Moraes avaliou que o ato poderia servir para dificultar a fiscalização imposta pela Justiça e apontou “elevado risco de fuga” ao decretar a prisão preventiva.

Na decisão, o ministro registrou que, às 00h08, houve tentativa deliberada de romper o equipamento de monitoramento, ressaltando que o tumulto causado pela mobilização favoreceria uma eventual evasão. Moraes afirmou ainda que o episódio se encaixa no “modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu”, que, segundo ele, historicamente utiliza manifestações populares para pressionar instituições e buscar benefícios pessoais.

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A vigília organizada por Flávio Bolsonaro foi apresentada publicamente como um ato religioso pela “saúde” e pela “liberdade” do ex-presidente, mas foi interpretada pela Polícia Federal e pelo Supremo como um risco à ordem pública.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.