A CPI do Crime Organizado demonstra ambição e foco ao aprovar uma lista ampla de convocações. A comissão coloca o crime organizado sob lupa, buscando conexões entre facções, lavagem de dinheiro, uso de plataformas digitais para ilícitos e o papel das autoridades de segurança e militares no enfrentamento a essas estruturas.
O Novo Raio-X do Crime no Brasil
A CPI do Crime Organizado deu um salto qualitativo em suas investigações ao aprovar, nesta quarta-feira (26), um vasto pacote de 38 requerimentos. As medidas envolvem pedidos de informação, convites e convocações de autoridades civis e militares.
As deliberações foram conduzidas pelo presidente do colegiado, Senador Fabiano Contarato, sob a relatoria do Senador Alessandro Vieira. O objetivo é traçar um mapa complexo da atuação criminosa, que migrou para o ambiente digital e financeiro.
Do Ex-Parlamentar à Cúpula da Tecnologia
A lista de convocados demonstra a amplitude da investigação. O colegiado chamou o ex-deputado estadual TH Joias, que foi indiciado pela Polícia Federal no Rio de Janeiro por suspeita de ligações com facções criminosas.
Além dele, será ouvido Conrado Leister, o diretor-geral da Meta no Brasil. O requerimento apresentado por Alessandro Vieira visa esclarecer o uso das plataformas do grupo—principalmente Facebook e Instagram—para a disseminação de atividades ilícitas e, crucialmente, para o financiamento de organizações criminosas.
Combate a Crimes Financeiros e Lavagem de Dinheiro
A CPI prioriza o combate ao fluxo de recursos ilícitos. Para isso, aprovou a participação de autoridades estratégicas na área do crime financeiro:
- Ricardo Andrade Saadi, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
- Robinson Sakiyama Barreirinhas, secretário especial da Receita Federal.
Ambos devem detalhar os mecanismos de monitoramento de movimentações suspeitas e a evolução dos modelos de lavagem de dinheiro no país.
No caso de TH Joias, a convocação busca aprofundar as acusações formalizadas pela Polícia Federal. A comissão quer entender o alcance das relações políticas e financeiras atribuídas ao ex-parlamentar, bem como suas possíveis conexões com estruturas do crime organizado.
Forças Armadas e Segurança Pública na Berlinda
A CPI não se restringiu ao âmbito civil e financeiro. Foram aprovados convites a comandantes das Forças Armadas. Esta é uma estratégia para ouvir autoridades com atuação direta na vigilância territorial e no enfrentamento de organizações criminosas com atuação transnacional.
Foram chamados:
- Marcelo Kanitz Damasceno, comandante da Aeronáutica.
- Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha.
- Luiz Gonzaga Viana Filho, comandante militar da Amazônia.
O colegiado também ouvirá representantes de órgãos de segurança pública e do sistema penitenciário federal: Antônio Fernando Souza Oliveira (diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal), Mário Luiz Sarrubbo (secretário nacional de Segurança Pública) e André de Albuquerque Garcia (secretário nacional de Políticas Penais).
A comissão definirá as datas das oitivas nas próximas semanas. O planejamento é organizar blocos temáticos para cruzar informações sobre atuação de facções, fragilidades no controle estatal e o fluxo de recursos ilícitos.




