Ninguém para Fernanda Montenegro

Jaqueline Ribeiro Por Jaqueline Ribeiro
2 Min Read

Dona Arlete nunca parou. No máximo, uma ligeira pausa para ter os filhos. E isso há 60 anos. Em um balanço, dá para dizer, sem medo de errar, que ela tem um Chico Buarque de carreira. E a comparação é amplamente válida: são realmente 80 anos de carreira e há tantos sucessos em tantos meios quanto o compositor/cantor/escritor. Nada mais adequado que um gigante para medir outro gigante. Chico Buarque, um dos maiores compositores do país, dona Arlete, uma das maiores atrizes do país. Ou deveria dizer Fernanda Montenegro? 

O brasileiro médio, aquele cidadão que tem entre 35 e 39 anos, cresceu assistindo Fernanda Montenegro na TV em um sem número de novelas e, provavelmente, em alguns filmes que a Globo se dignava a reprisar de tempos em tempos. É íntimo e velho conhecido de Charlô, Naná, Jacutinga, Zazá, Lulu de Luxemburgo, Bia Falcão, Dona Picucha, Dona Carlota, Nossa Senhora, Dora, Bibiana e Eurídice Gusmão, entre tantas outras personagens. Talvez se lembre até mesmo do Oscar, o mais longe que uma atriz brasileira já chegou, mesmo que não se importe de verdade com isso. 

E, apesar de sempre ter sido uma trabalhadora incansável, é perceptível como intensificou suas atividades nos últimos 10 anos. No audiovisual, longas e curta-metragens, além de documentários, séries e novelas. Todos os três livros foram lançados nesse período. Também participou de ‘Ismália’ do Emicida. E as peças – uma delas, a leitura de Simone De Beauvoir, apresentada para milhares de pessoas em agosto no Ibirapuera. A agenda nunca esteve tão cheia: seu ofício convive com sua ocupação de garota-propaganda de banco, imortal da Academia Brasileira de Letras e, vez ou outra, ainda se posiciona politicamente. Já alcançou tudo, já chegou “lá” e ainda quer mais, aproveitando ao máximo toda a centelha de vida. São 95 anos com fôlego de 9 anos e meio, uma atriz-menina imparável, para a sorte de todo brasileiro.

Compartilhe esta notícia

Assine nossa Newsletter