Covardia

Autistas Brasil repudia assassinato de criança autista e exige justiça

Em nota, a entidade manifesta indignação diante do assassinato brutal do menino Arthur Davi, de 11 anos, e cobra do poder público medidas concretas de prevenção à violência contra crianças autistas e suas famílias

JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Homem confessou ter matado filho de 11 anos asfixiado na Paraíba — Foto: Polícia Civil

A Autistas Brasil manifesta profundo pesar e absoluta repulsa diante do assassinato de Arthur Davi, menino autista e com deficiência visual de 11 anos, morto por asfixia pelo próprio pai, conforme confirmou a Polícia Civil da Paraíba nesta terça-feira (4). O crime, segundo a investigação, teria sido cometido com a justificativa de interromper o pagamento de pensão alimentícia — uma motivação que a entidade classifica como “cruel, desumana e incompatível com qualquer princípio ético ou social”.
 

A organização, que atua nacionalmente na defesa dos direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), afirma que o caso evidencia não apenas um ato de extrema violência, mas também o despreparo e a negligência das estruturas públicas de proteção à infância e à pessoa com deficiência.
 

Para a Autistas Brasil, a morte de Arthur Davi é um lembrete trágico de como o capacitismo — somado à desigualdade social, à falta de apoio familiar e às falhas nas políticas públicas — continua colocando pessoas autistas em situação de vulnerabilidade. A entidade defende que o Estado brasileiro fortaleça mecanismos de monitoramento, acolhimento e proteção às famílias, garantindo que crianças com deficiência tenham sua integridade física e emocional preservadas.
 

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“A morte de Arthur Davi é uma ferida aberta em nosso país. Ela expõe, de forma devastadora, como o capacitismo, a negligência estrutural e a falta de políticas públicas efetivas colocam crianças autistas em risco todos os dias. Não estamos falando apenas de um crime individual — estamos falando de um fracasso coletivo em proteger quem mais precisa. A vida de uma criança nunca pode ser tratada como peso, custo ou obstáculo.

Aqui é importante dizer como isso é silenciado, né? Que é até relativizado pelo fato de ser uma criança com deficiência. Exigimos justiça para Arthur e ações concretas do Estado para garantir que nenhuma criança autista ou com deficiência volte a ser silenciada pela violência que deveria ser impedida. O Brasil precisa escolher, de uma vez por todas, se vai proteger suas crianças ou continuar naturalizando tragédias evitáveis.”
— Guilherme de Almeida, presidente da Autistas Brasil
 

A nota ainda reforça que nenhuma justificativa econômica, emocional ou social pode servir de atenuante para um crime dessa natureza, e que é dever de toda a sociedade repudiar qualquer forma de violência contra pessoas com deficiência.
 

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“Assusta ver a forma como o nosso país lida com o felicídio quando a vítima é uma criança autista. Quando uma criança é assassinada por seus pais e essa criança não tem uma deficiência, isso é visto como aquilo que é — um crime hediondo, uma vida que foi tirada a partir de uma violência imensurável. Mas quando essa vida é a vida de uma criança com deficiência, dezenas e milhares de tentativas de se justificar esse ato surgem na internet. É assustador pensar que vivemos num país onde a vida de uma criança com deficiência é vista como se tivesse menos valor do que a vida de uma criança sem deficiência.”
— Arthur Ataide Ferreira Garcia, vice-presidente da Autistas Brasil
 

A Autistas Brasil conclui reafirmando seu compromisso com a luta por justiça para Arthur Davi e com a construção de um país onde pessoas autistas possam viver com segurança, dignidade e respeito

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.