Sua Sorte

Bets movimentam mais de R$ 1 bilhão por ano e dominam os patrocínios do futebol brasileiro

O futebol brasileiro vive uma nova era — e, desta vez, os protagonistas não estão dentro de campo, mas nos bastidores financeiros.

JR Vital - Diário Carioca
JR Vital
JR Vital - Diário Carioca
Editor
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
- Editor
Freepik

O futebol brasileiro vive uma nova era — e, desta vez, os protagonistas não estão dentro de campo, mas nos bastidores financeiros. As casas de apostas se consolidaram como as maiores investidoras do esporte nacional, injetando mais de R$ 1,1 bilhão por ano nos clubes da Série A. Em 2025, 18 das 20 equipes da elite do Brasileirão contam com patrocínios de empresas do setor, confirmando uma dependência cada vez maior desse tipo de receita.

Flamengo lidera o ranking com contrato histórico

O Flamengo, sempre na dianteira das grandes cifras, protagonizou o maior acordo da história do futebol brasileiro ao fechar com a Betano um contrato de R$ 268,5 milhões anuais. O montante mais do que dobra o valor anterior, pago pela Pixbet (R$ 115 milhões), e coloca o clube carioca em outro patamar financeiro.

Com esse acerto, o total movimentado pelas bets nos uniformes e ativos de marketing da Série A ultrapassou a barreira do bilhão, considerando apenas os valores fixos — sem incluir bônus por metas, títulos e ativações comerciais, que são frequentes nesses contratos.

- Publicidade -

O Corinthians, patrocinado pela Esportes da Sorte, aparece em segundo lugar com R$ 103 milhões anuais, seguido pelo Palmeiras, que mantém acordo de R$ 100 milhões com a Sportingbet. O clube alviverde, porém, pode superar o rival caso atinja as metas de desempenho previstas em contrato, o que renderia até R$ 70 milhões extras.

São Paulo, Grêmio e Inter também surfam na onda

Na quarta colocação do ranking, o São Paulo recebe R$ 78 milhões da Superbet. O contrato prevê aumentos progressivos até 2030, ano em que o Tricolor completará 100 anos, quando o valor deve atingir R$ 140 milhões anuais.

Outros clubes tradicionais, como Vasco (Betfair), Atlético-MG (H2Bet), Botafogo (VBet), Fluminense, Santos (7K), Grêmio e Internacional — estes dois com a Alfa.bet — completam o top 10 de parcerias milionárias.

- Publicidade -

Segundo Nickolas Ribeiro, sócio do Grupo Ana Gaming, que administra a marca 7K e atua com patrocínios em clubes como Santos, Vitória, Mirassol e Fortaleza, o retorno é expressivo:

“O futebol brasileiro se valorizou muito, e a exposição em clubes de perfis diferentes, mas com torcidas apaixonadas, torna o investimento altamente atrativo. O patrocínio, aliado às ativações ao longo da temporada, multiplica a visibilidade das marcas no cenário nacional e internacional.”

Um mercado em transformação

A ascensão das bets no futebol brasileiro é recente, mas avassaladora. A explosão veio no pós-pandemia, quando o setor aproveitou um vácuo deixado pelos bancos — especialmente a Caixa Econômica Federal, que dominou o patrocínio esportivo na década de 2010. Com a retração do banco estatal e o avanço dos meios digitais, as plataformas de apostas preencheram rapidamente esse espaço.

- Publicidade -

Em 2024, apenas cinco clubes da Série A não contavam com patrocinadores do ramo. Hoje, esse número caiu ainda mais, tornando as empresas de apostas as maiores financiadoras do futebol nacional.

De acordo com o Mapa do Patrocínio 2025, levantamento do Ibope Repucom, o setor cresceu 25% em comparação com o ano anterior. Foram 18 clubes patrocinados por 15 empresas diferentes, consolidando a presença quase hegemônica das bets nos uniformes.

A corrida pela regulamentação

Apesar do crescimento vertiginoso, o setor ainda passa por ajustes legais. A regulamentação definitiva das apostas de quota fixa, aprovada no fim de 2024 e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, começou a redefinir as regras do jogo.

- Publicidade -

Para operar no Brasil, as empresas precisam abrir sede no país e pagar uma outorga de até R$ 30 milhões. As novas normas também estabelecem regras de publicidade, mecanismos de prevenção à ludopatia e diretrizes de tributação mais rigorosas. A lista das casas de apostas regulamentadas podem ser encontradas em sites do governo ou sites especializados em apostas online como o site mansionbet.

Com isso, especialistas esperam uma redução no número de operadoras, já que nem todas conseguirão atender às exigências do Ministério da Fazenda. O resultado deve ser um mercado mais concentrado, profissionalizado e competitivo.

O presidente do Instituto Jogo Legal, Magnho José, afirma que o atual cenário é fruto do atraso na regulamentação:

- Publicidade -

“O mercado brasileiro chegou a esse ponto de explosão justamente por ter ficado sem regras por muito tempo. Agora, com a regulação aprovada, veremos uma reorganização — menos operadoras, mas com maior segurança jurídica e transparência.”

Além das camisas: naming rights e ativações

O investimento das bets vai muito além dos uniformes. Algumas empresas têm buscado associar suas marcas a estádios e arenas. No Nordeste, por exemplo, surgiram a Casa de Apostas Arena Fonte Nova (Salvador) e a Casa de Apostas Arena das Dunas (Natal).

O Santos chegou a estudar renomear a Vila Belmiro como “Vila Viva Sorte”, mas desistiu da ideia. Ainda assim, a tendência é que mais acordos do tipo surjam nos próximos anos, especialmente com clubes interessados em novas fontes de receita.

- Publicidade -

O futuro do dinheiro no futebol

Com contratos cada vez mais altos, as bets passaram de parceiras comerciais a pilares financeiros dos clubes. Em muitos casos, o dinheiro das apostas representa boa parte do orçamento anual — essencial para a folha salarial, contratações e manutenção de estruturas esportivas.

Mas especialistas alertam: o crescimento vertiginoso pode não ser sustentável. Com a regulamentação, a concorrência tende a diminuir, e os valores de patrocínio provavelmente cairão.

Até lá, o futebol brasileiro segue vivendo um dos períodos mais rentáveis de sua história — impulsionado por um novo tipo de patrocinador, que une paixão, tecnologia e entretenimento digital, e que já mudou de forma irreversível a paisagem financeira do esporte no país.

- Publicidade -
- Publicidade -
JR Vital - Diário Carioca
Editor
Follow:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.