Curioso

Apontado como líder de grupo extermínio “caça a comunistas” foi colega de turma de Bolsonaro

Ex-colega de Bolsonaro na Aman, coronel reformado é apontado como líder do Comando C4 e financiador do homicídio de advogado em disputa agrária bilionária

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
O coronel reformado Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas – Reprodução

O coronel reformado do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, ex-colega de Jair Bolsonaro na turma de 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), é apontado pela Polícia Federal como líder do grupo extremista autodenominado Comando C4 — sigla para Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos.

O militar está sendo investigado no inquérito dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, por incitar confrontos das Forças Armadas contra os Poderes constituídos e promover discursos golpistas nas redes sociais.

Em janeiro de 2023, poucos dias após os ataques às sedes dos Três Poderes, Caçadini criou o perfil “Frente Ampla Patriótica” nas redes sociais, onde publicava vídeos com teor conspiratório, buscando mobilizar grupos de direita e incentivar militares a agir contra o Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Executivo. Diante do conteúdo político-ideológico das publicações, a Justiça Militar declinou da competência, e o caso passou a tramitar no STF, como parte do inquérito dos atos de 8 de janeiro.


Assassinato de advogado e esquema de corrupção judicial

Em dezembro de 2023, o coronel foi preso acusado de financiar o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em Cuiabá (MT). O crime teria sido motivado por uma disputa agrária envolvendo uma propriedade rural avaliada em R$ 100 milhões. Caçadini teria pago R$ 20 mil antes do crime e prometido outros R$ 20 mil após a execução. Os executores confirmaram à polícia que o ex-coronel pagou pelo crime.

As investigações revelaram um suposto esquema de venda de sentenças judiciais nos tribunais do Mato Grosso e até no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O grupo “Comando C4” mantinha uma tabela de preços para monitorar e assassinar autoridades, com valores variando conforme o cargo da vítima: R$ 250 mil por juiz, R$ 150 mil por senador e R$ 100 mil por deputado.


Negativas judiciais e estado de saúde

A defesa de Caçadini solicitou a substituição de sua prisão preventiva por prisão domiciliar, alegando um quadro de saúde grave, que inclui câncer na boca e problemas cardíacos. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o pedido, considerando que uma solicitação semelhante já tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). A juíza da 12ª Vara Criminal de Cuiabá também negou o pedido de transferência do coronel para Belo Horizonte (MG), onde sua família reside, entendendo que ele deve permanecer no distrito de culpa.


O Carioca esclarece

Quem é Etevaldo Caçadini?

Coronel reformado do Exército, ex-colega de Jair Bolsonaro na Aman, apontado como líder do grupo extremista Comando C4 e acusado de financiar o assassinato do advogado Roberto Zampieri.

O que é o Comando C4?

Grupo de extermínio autodenominado Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos, liderado por Caçadini, que mantinha uma tabela de preços para monitorar e assassinar autoridades.

Quais as consequências das ações de Caçadini?

Além de ser investigado por incitar atos antidemocráticos, Caçadini está envolvido em um suposto esquema de venda de sentenças judiciais e no assassinato de um advogado, o que evidencia a infiltração de ideologias extremistas nas instituições.

Como isso afeta a democracia e os direitos humanos?

A atuação de grupos como o Comando C4 representa uma ameaça direta à democracia, ao Estado de Direito e aos direitos humanos, ao promover a violência política e a corrupção institucionalizada

Assuntos:
Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.