Há 20 anos se iniciava o Fome Zero

Reconhecido internacionalmente, o programa contribuiu com a retirada do País do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU)

São Paulo, 23 de fevereiro de 2023 – O Instituto Fome Zero, uma organização apartidária criada para apoiar as políticas de combate à fome, celebra este mês os 20 anos do Programa Fome Zero. Na ocasião, o diretor-geral José Graziano da Silva reforça a trágica situação atual do Brasil em enfrentar a insegurança alimentar e lamenta que o Brasil tenha entrado novamente para o Mapa da Fome das Nações Unidas.
 

José Graziano, Diretor Geral do Instituto Fome Zero
José Graziano, Diretor Geral do Instituto Fome Zero
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Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado no segundo semestre do ano passado, o Brasil tem mais de 60 milhões de pessoas enfrentando insegurança alimentar grave e moderada. “Mais do que nunca, chegou a hora de trabalharmos junto ao Poder Público para desenvolver políticas eficientes de combate à fome. Não podemos aceitar esse retrocesso”, afirma Walter Belik, diretor-geral adjunto do Instituto Fome Zero.

Walter Belik, Diretor Geral Adjunto do Instituto Fome Zero
Walter Belik, Diretor Geral Adjunto do Instituto Fome Zero

 Programa Fome Zero

Há 20 anos, em meio a um cenário de fome e miséria, surgia no Brasil o Programa Fome Zero, instituído no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O programa ficou conhecido por beneficiar milhares de famílias ao redor do país e implementar políticas de transferência de renda, estando alinhado às iniciativas públicas desencadeadas por inspiração do Dr. Josué de Castro, que presidiu o Conselho da FAO em meados de 1950.

Nessa época, apesar do Brasil ser um dos maiores produtores de alimentos, possuía um grande número de pessoas passando fome. Estimava-se que 44 milhões de pessoas a partir de dados do IBGE enfrentavam a insegurança alimentar. O programa visava beneficiar até janeiro de 2004, uma média de 11 milhões de pessoas em 2.369 municípios. Com políticas de incentivo à agricultura familiar, melhorias na merenda escolar e a unificação do Cartão Fome Zero, resultaram no Bolsa Família, que impactou a vida de milhares de brasileiros.

Do Brasil para o Mundo

Em 2014, o país deixou o Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) e se tornou referência mundial no segundo dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. José Graziano teve um papel fundamental para mostrar ao mundo o “modelo brasileiro” de combate à fome que inspirou países da América Latina, da Ásia e da África a estabelecerem a sua erradicação como uma meta possível.

Com o objetivo de continuar lutando para que os objetivos do Fome Zero e suas conquistas sejam preservados, o Instituto Fome Zero (IFZ) foi criado em 2020, por um grupo de ativistas, estudiosos e pesquisadores. A entidade tem a missão de preservar a história do combate e luta contra a fome no país, além de trabalhar no desenvolvimento de políticas públicas que possam erradicar a fome.

Atualmente, o Brasil enfrenta um momento crítico e doloroso. “Com a criação do Instituto Fome Zero, seus associados se colocam à disposição dessa causa de erradicar a fome e temos certeza de que conseguiremos tirar o Brasil do Mapa da Fome novamente”, acrescenta Ana Claudia Santos, Diretora de Articulação Social do IFZ.

Sobre o Instituto Fome Zero

Criado em 2020, o Instituto Fome Zero é uma organização apartidária, com a perspectiva de apoiar as políticas de combate à fome, todas as formas de má nutrição e torná-la a mais alta entre as prioridades do Brasil e da comunidade internacional. O objetivo da instituição é promover o direito à alimentação adequada e seu arcabouço jurídico, apoiar a formulação de políticas de combate à fome e à má nutrição, envolvendo as três esferas federativas, além do desenvolvimento local — a conexão entre agricultura familiar-novas tecnologias-produção sustentável e a cooperação sul-sul e compartilhamento de experiências no mundo pós-covid-19.