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Cada pai, uma sentença

Há inúmeros tipos de pai nas artes. Quer melhor dia para relembrar deles do que o Dia dos Pais?

É um reducionismo, mas acontece com tanta frequência que é difícil ignorar: todo mundo tem mãe, já pai não são tantas pessoas assim que têm. Quem tem, pode fazer como o Fábio Júnior e dizer que ele é “meu herói, meu bandido”. Também pode fazer como a Rita Lee pedindo que empreste o carro “para levar minha garota ao cinema” antes de ser expulsa de casa, afinal “ovelha negra”, né? O importante mesmo é fazer como o Gonzagão e respeitar o velho Januário.

Respeito esse que não tiveram com o Goriot nem com o Rei Lear, ambos enganados por suas meninas. Coisas que acontecem. Édipo também não teve lá muito respeito com Laio, mas foi coisa do destino, esse ser cruel e traiçoeiro. Pelo menos, assim foi cantado por Milionário e José Rico sobre o caminhoneiro que não pode conhecer o filho. E quando conhece, cresce, casa, pode ser que só sobre para o pai um couro de boi debaixo do qual se abrigar, se não tiver a mão estendida de um filho adotivo, claro.

São muitos pais e pais. Alguns ficam melhores ausentes. O pai do Will em Um maluco no pedaço, por exemplo? Só aparece pra gente valorizar o paizão que é o Tio Phill. O Will Smith aprendeu tanto que, apesar de ter penado muito, conseguiu sair do buraco com seu filho em À procura da felicidade. Para encontrar a cura para Lorenzo, Augusto Odone também trabalhou um bocado com Michaela em busca do óleo. Os filhos de Julius e Luisão também presenciaram a ralação de seus respectivos pais, afinal é preciso sobreviver.

E enquanto há pai herói, como Mufasa, que salva a vida do filho, há pai tirano (pai do Kafka) e o pai vilão, Gru – Darth Vader é pai ausente, não conta. Fora os pais cujas decisões o colocam num limbo, como o Joe de The last of us. O que é certo é que não se deve mexer com os filhos de gente assim poderosa. Complicada a vida de quem mexe com gente de Don Corleone, do Liam Neeson em Busca Implacável ou com as meninas do Professor Utônio.   

Se a relação com os pais nem sempre é um morango do amor, a perda deles representa uma dor tremenda. Tão tremenda que faz o sujeito perder a cabeça, querer “trocar de mal com Deus”, como disse João Nogueira. Quando a dor vai rareando, mudando de forma e virando saudade, encarar a mesa vazia onde o pai costumava se sentar vai ficando difícil e aí, ah, aí só resta cantarolar Nelson Gonçalves.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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