De tempos em tempos, a internet é dominada por vídeos incríveis com um pé (ou o corpo inteiro) na edição de imagem. Com a Inteligência Artificial generativa, materiais como esse tendem a se multiplicar. É o caso do evento mais recente em que todos ficaram impressionados com um vídeo que dizia retratar o evento chamado raio globular, onde uma esfera de luz frenética em um estacionamento. Não que não tenhamos casos assim, veja bem, temos. Óvnis, ETs e discos voadores, inclusive, abordados no cinema nacional. Por exemplo, em um curto prazo, coisa de um ano, tivemos Bacurau (2019) e Ontem havia coisas estranhas no céu (2020).
De gênero muito diverso do colega famoso, Ontem havia coisas estranhas no céu (2020) suspende os limites entre o que é documentário e o que é ficção em uma experimentação peculiar de Bruno Risas em que os mistura utilizando como colher uma fotografia correta e sua gama de enquadramentos.
Inevitavelmente participativo, já que os personagens são predominantemente sua família, o documentário explora possibilidades ao inserir entrevistas, metalinguagem e um tipo de making off, mas acima de tudo expõe a rotina de uma família comum com seus dramas também comuns: a luta de cada um para sobreviver, viver e conviver entre si, incluindo uma senhora com princípio de demência.
A ficção científica prometida ao longo do filme é devidamente cumprida nos minutos finais, mas é um detalhe menor na trama que foi tecida, afinal, “lá e aqui é mesmo tudo igual”.