E não sobrou nenhum. Com o falecimento de Jaguar, os principais fundadores do jornal satírico, que, desmioladamente, resolveram tocar durante uma ditadura, pouco depois do ato institucional que pesava a mão da censura, já não se encontram mais sob essa terra. Ou quase isso. O Jaguar de 37 anos (38, 39, 40…) ainda pode ser conferido digitalizado no acervo da Biblioteca Nacional.
A primeira edição dá uma boa noção do que o leitor vai encontrar nas edições seguintes. Gente célebre como Odete Lara, Chico Buarque e Ibrahim Sued dando as caras, colunas de Tarso de Castro, Olga Savary, Martha Alencar, Millôr, trabalhos de Ziraldo e Claudius, tudo isso com comentários de Sig, o ratinho sagaz de Jaguar e Haroldo Zager.
Claro, a edição dá uma boa noção porque, nascida em 1969, a revista ainda tinha muita ditadura pela frente. O estilo foi mudando, mudando, ficando mais ácido. Por exemplo, em 1971, na edição 129, é apresentado o Cabôco Mamadô, personagem do Henfil, que comandava o cemitério dos mortos-vivos. O famoso cemitério enterrava gente que era, de alguma forma, conivente com a ditadura. Ou que assim Henfil considerava.
Com a sucessão de edições, o Sig do Jaguar foi mesmo revezando aparições com o Fradim do Henfil, mas sempre mantendo-se como símbolo do “hebdomadário” (apelido do semanário O Pasquim). Assim como Jaguar manteve-se como símbolo do jornal. Falecido o último dos fundadores, resistem alguns dos colaboradores: Martha Alencar e Claudius Ceccon, pelo menos, flanam por aí. Sorte a nossa.