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Não dá para esquecer: a Dita completa 60 anos

Não é uma personagem de livro, nem de quadrinhos, também não é uma atriz de filme ou teatro, menos ainda de novela e sua presença nesta coluna até seria absurda se sua influência não tivesse sido tamanha que permeasse absolutamente todas essas mídias. O pano de fundo mais certo para as histórias criadas e ambientadas na década de 70 tinha a Dita. E como poderia ser diferente se sua presença no dia a dia estava cravada até nas ausências (forçadas)? 

É, a Dita tinha um jeitinho todo especial de se fazer lembrada. Apesar de não entender muito de economia, tinha um pendor por obras enormes e um faro muito crítico para as artes. Benevolente, se sacrificava avaliando todas com antecedência para que o público só pusesse os olhos no que achasse ser de bom tom.

E como gostava de receber visitas! Definitivamente não aceitava não como resposta aos seus convites, verdadeiras intimações. Na verdade, ao contrário, tinha um gosto curioso por conversas muito profundas, ansiava por ouvir revelações – uma figura a Dita, nem fazia muita questão de que fossem verídicas. E sua forma de recepcionar era realmente excepcional: havia salas dedicadas ao convidado com cadeiras exóticas e diferentes animais, tudo para instigar as conversas produtivas.

Apegada, Dita às vezes se recusava a deixar o convidado ir embora. Que culpa tinha ela de querer ficar com eles mais um pouco? Todo mundo já teve um momento de, no meio de uma prosa boa, não querer que aquilo acabe, ninguém pode julgá-la. E é até compreensível se pensarmos que o país não a deixou ir embora por completo. A Dita, filha de militar com civil, frequenta até hoje de casas a casernas, vive à espreita, sempre esperando uma oportunidade, disposta a voltar aos holofotes, ao palco principal, mesmo sendo nitidamente antipática ao povo. 

Em sua dureza, Dita completa 60 anos neste 31 de março, já uma senhora da melhor idade que não podemos e vamos insistir em não esquecer, seja por ela, seja pelos seus convidados, um país inteiro.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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