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Ninguém mais sofre por Elis Regina

Um poema de um escritor contemporâneo diz que “ninguém mais sofre por Napoleão”. Tudo o que conquistou, toda dor infligida, toda comoção provocada, tudo passou há muito tempo. Com Elis Regina, morta há mais tempo do que esteve viva, acontece de forma semelhante. Afinal, acostumar-se com uma ausência faz mesmo parte da vida. Porém, ainda lembramos de Napoleão, e naturalmente lembramos também da cantora gaúcha que completaria 80 anos neste 17 de março. 

Seja por sua importância, seja porque efemérides são saborosas, pautas certas para preencher cota de conteúdo, a imprensa brasileira se lembrou de Elis Regina. A Folha republicou uma reportagem da BBC em que enaltece sua importância na história da música, muito fruto da sua técnica. Praticamente todo material que poderia ser explorado e tornado público, o foi ao longo do tempo, isso valoriza muito o trabalho do Estadão

 que conseguiu um inédito, um vídeo com imagens de sua última turnê. Já O Globo apostou nos nomes célebres que se ligaram a ela durante a vida, reforçando uma característica marcante: sua preocupação em revelar novos artistas. Para não passar em branco, o Correio Braziliense trouxe um carrossel de fotos e a revista Veja focou em como os herdeiros andam administrando o legado da mãe. Tudo isso resultado de um rápido clipping.

Na prática, no entanto, houve menos eventos com intuito de celebrar essa vida. Além de uma atualização da biografia de Julio Maria, lançada há 10 anos, o que tivemos? Nem o social media que cuida da presença virtual da cantora se dignou a promover celebrações pelo aniversário: se limitou a compartilhar postagens de outras pessoas. A grande celebração ficou para o dia 28, com o show “Elis 80”, em que os filhos participarão e Elis reviverá através de IA. 

É preciso ser justa: dificilmente haverá uma celebração maior que a do aniversário de 70 anos. Como competir com um desfile de escola de samba? Um desfile premiado ainda por cima? Difícil, muito difícil. Também é preciso reconhecer o trabalho e a importância dos lançamentos esparsos que ainda pintam por aí. Porém, em se tratando da proclamada maior cantora brasileira, não deveria haver mais? Ou um mínimo? Um site atualizado, uma presença virtual ativa, algo que concentre sua memória? Há meses, João Marcelo Bôscoli enalteceu em entrevista o trabalho dos fãs em divulgar o trabalho da mãe, em mantê-la relevante e é isto o que persiste. As “rédeas”, a iniciativa, ainda estão com os fãs. Sorte da Elis.

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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