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O anteprojeto de governo e o esboço de país

*Por Guto Araújo – A disputa presidencial de 2026 já se desenha como um dos embates mais desafiadores da história recente. De um lado, a esquerda aposta todas as fichas em Luiz Inácio Lula da Silva, único nome capaz de agregar e sustentar competitividade nacional neste momento.

Do outro, a direita apresenta um quadro inverso: sobram candidatos fortes, mas nenhum consenso — um cenário que pode gerar tanto vantagem de visibilidade quanto risco de fragmentação.

Como estrategista de marketing político e tendo participado de várias campanhas no Brasil e América Latina, entendo que esse contraste entre escassez e abundância de nomes será determinante na definição das estratégias. Enquanto Lula carrega o peso de ser a única alternativa do campo progressista, a direita terá de enfrentar uma disputa interna intensa, na qual governadores com altas taxas de aprovação, como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Junior, testam sua força e capacidade de articulação. A pergunta é: conseguirão os Quatro Fantásticos lograr o objetivo da coalisão conservadora?

Esse quadro cria dilemas distintos. A esquerda concentra forças, mas também se expõe: ao depender exclusivamente de Lula, corre o risco de não ter plano B caso haja desgaste ou queda de desempenho. Já a direita, embora disponha de vários perfis competitivos, precisa construir unidade para não se autossabotar, ou seja, o excesso de opções pode ser tão perigoso quanto a falta delas, porque força o eleitorado a assistir a uma briga interna que fragiliza a narrativa de unidade contra o governo.

Do ponto de vista da comunicação, a diferença se traduz em estratégias opostas. Lula e seu entorno tendem a trabalhar um discurso de estabilidade, legado e liderança unificadora, aproveitando o fato de ser a “marca consolidada” da esquerda. A direita, em contrapartida, precisa investir em narrativas emocionais, rápidas e contundentes, que diferenciem cada pré-candidato, mas sem romper a possibilidade de convergência em torno de um único nome no momento certo.

A velocidade da comunicação será determinante pois o campo progressista tem mostrado resposta mais lenta e tradicional, enquanto os conservadores exploram melhor formatos curtos e virais, especialmente nas redes sociais. Mas se não houver alinhamento em torno de quem será o protagonista, essa energia se dissipa e pode fortalecer Lula.

Nesse oceano de possibilidades, semana a semana, os fatos vão provocando pequenas marolas que alteram as pesquisas de popularidade de ambos os lados. E nesse exato momento quem surfa a pequena onda é Lula, que demonstra saúde e jovialidade nas breves e midiáticas corridinhas, enquanto os “quatro fantásticos” tentam se esquivar da família Bolsonaro que acidentalmente deixou as cartas na mesa com a face para cima, expondo suas fragilidades internas e mais uma vez incutindo a dúvida na percepção de seus eleitores.

Em resumo, o cenário novelesco deixa o eleitorado à mercê das cenas dos próximos capítulos, o anteprojeto de governo parece ser eterno e o projeto, de fato, de um país “gigante” continua sendo um eterno esboço, adormecido em berço esplêndido. E isso não é fantástico.

*Guto Araújo é publicitário e estrategista de comunicação e marketing político

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Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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