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O artista enquanto humano 

Show de Lady Gaga no sábado trará sua “absolvição” do crime de ser humana 

Show da Lady Gaga no Brasil não é novidade. A cantora já esteve e já se apresentou no Brasil em 2012 e foi um sucesso como se espera de uma diva pop. O cancelamento da sua participação no Rock in Rio em 2017, no entanto, fez tanto barulho que encobriu isso. Além de imortalizado em memes, “Brazil, I’m devastated” e “Ela não vem mais”, o cancelamento gerou uma avalanche de críticas mesmo tendo como motivo um dos temas mais delicados: sua saúde. 

Sua fibromialgia, doença crônica que gera dores pelo corpo todo, foi amplamente divulgada e contada até em documentário, mas nada que barrasse a mágoa de uma porcentagem de fãs pela mudança súbita de planos. À época, a situação de Lady Gaga provocou uma comparação inusitada: a Mama Monster foi comparada à madrinha do samba, Beth Carvalho. 

Em 2018, no Rio de Janeiro, a sambista, que enfrentava problemas na coluna há anos, fez um show praticamente inteiro deitada em um tipo de sofá-cama. Junto com o grupo Fundo de Quintal, Beth comemorou os quarenta anos do álbum De pé no chão. Na internet, sempre na internet, compararam as situações, cobrando que a diva gringa tivesse a mesma postura que a nossa septuagenária – como se fosse o tipo de coisa possível de ser cobrado. 

O absurdo da situação fica um pouco mais nítido quando pensamos na época: apesar de anteceder a eleição de Jair Bolsonaro à presidência, para o público de Lady Gaga, temas caros como consciência social e empatia estavam em voga… aparentemente menos quando se tratava de uma artista. Artistas, esses seres sobrehumanos, precisavam (precisam?) se doar inteiramente ao público, ainda que custe sua saúde. 

São inúmeros os casos de artistas que descuidam de suas saúdes, de seus instrumentos de trabalho, e sofrem posteriormente com isso. São um tanto mais raros os casos de artistas, como Beth Carvalho, que prosseguem até esses extremos. Impressiona tanta dedicação na mesma proporção que é preocupante, mas, em última instância, é uma escolha pessoal. Impor isso a outrem é desumano. Teoricamente, o artista tem que ir aonde o povo está desde que seja por vontade própria. A indústria já mói essa gente, o público, principalmente os fãs, não deveria promover coisa parecida. 

Depois desse cancelamento de 2017, Lady Gaga já lançou turnês, discos, já enveredou pelo jazz, voltou ao pop, participou de filmes, ganhou Oscar e agora retorna ao Brasil, definitivamente redimida, em um show gratuito em Copacabana, no dia 3 de maio. Vida longa à Mamãe Monstro do Pop!

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Jaqueline Ribeiro
Jaqueline Ribeirohttps://www.diariocarioca.com/
Jaqueline Ribeiro é bacharela em Comunicação/Jornalismo pela UEMG-Frutal, interessada por tudo o que conta histórias, escreve sobre livros, filmes e discos

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